O TEU NOME
(Para Maria Luíza Moysés Argento)
Não sei falar de ternura, Luíza,
Mas sei falar o teu nome.
E saudade se faz assim,
Se lembrando do nome,
Escrevendo o nome na areia,
Sonhando com o nome,
Recitando o nome na reza
Antes da ceia.
São tantos os nomes, Luíza,
São tantas as moças que tenho para chamar.
Mas não lembro do nome delas
Seus nomes fugiram de mim
E desapareceram suas lembranças.
Acho que nunca existiram essas moças,
Foram fantasmas em minhas andanças.
Hoje só existe o teu nome, Luíza,
E o teu nome abre a minha porta fechada.
O teu nome é a chave, a senha, a palavra encantada.
O som do teu nome vem surgindo baixinho,
Sai da caixa do silêncio e, devagarinho,
Vai virando música e alegra o dia.
O teu nome, na tua ausência, me faz companhia.
Se um dia eu falar outro nome, não liga.
Alguns nomes retornam do nada, Luíza.
À noite o teu nome é o único que permanece,
Fica aceso, brilhando, quando o dia escurece.
Posso ver o teu nome de olhos fechados,
Ele chega no vento, no tempo, no espaço,
E vai sendo escrito, tão bonito
com tinta especial de eternidade
na folha seca da minha saudade.
Teresópolis, 28 de novembro de 2001
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