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Artigos-->A ópera da Ancinav e outros causos -- 04/11/2004 - 16:06 (Paulo Milhomens) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sete meses depois de os irmãos Lumière inaugurarem o cinema, em Paris, com a primeira projeção do que viria a ser a Sétima Arte, a cidade do Rio de Janeiro pôde assistir à primeira sessão de cinema do Brasil, mais exatamente no dia 8 de julho de 1896. Em 1887, Paschoal Segreto e José Roberto Cunha Salles abriram, na rua do Ouvidor, a primeira sala de cinema, “Salão Novidades de Paris”, ficando, para o ano seguinte, a projeção do filme inaugural do cinema brasileiro, rodado por Afonso Segreto, com imagens da Baía de Guanabara.



Segundo Marc Ferro, historiador e cineasta, a identidade de um povo está intrinsecamente relacionada à formação de sua cultura política, isto é, processo de transformação histórico. Com o advento dessa tecnologia, vários países passaram a contar versões em microfilme de suas tradições oral e escrita, mas de forma muito personalista. O cinema ganhou contornos de Arte Contemporânea, revolucionou, sobretudo, a forma de se contar a vida no mundo. No ocidente, apropriou-se do discurso empírico dando contornos ideológicos, onde uma elite utilizou-se das salas de exibição para impor suas idéias. Talvez essa tenha sido a pior parte. Na cultura capitalista moderna é o melhor exemplo de influência estética, lingüística e social. Mas também pode ser o contrário. No Brasil, passamos por uma interessante fase de transição no aspecto econômico. Primeiro que a história do cinema no Brasil lembra os mitos da sabedoria popular. Todos ouvem falar, mas ninguém faz idéia do que é, ou como poderia ser. O mito popular vira lenda. Porém, em nosso país, o cinema nacional ainda não faz parte da cultura do povo. Somente 8% dos brasileiros vão ao cinema. Dessa fatia, assistem majoritariamente a filmes estadunidenses. Infelizmente não dispomos de uma política audiovisual capaz de formar um público brasileiro para um cinema brasileiro. A divulgação e exibição das salas cinematográficas ainda abriga a produção estrangeira ( Hollywood, claro!) como melhor mantenedora de lucros externos e propagação desses filmes como “única” opção inteligente aos olhos de quem paga. É claro que tivemos momentos importantes com a “Atlântida Filmes” ou o “Cinema Novo”, com os expoentes Glauber Rocha e Cacá Diegues, entre outros. Na década de 1970, os filmes eróticos com mensagens disfarçadas ( chanchadas ) eram critérios da ditadura militar, enquanto isso, a qualidade técnica era péssima, embora tivéssemos um quantitativo na produção nacional expressivo se comparado com os anos de 1990, quando Fernando Collor extinguiu a Embrafilme dando início a uma fase econômica crítica no setor. O cinema nacional ainda não representa o gosto do brasileiro – por outro lado, grandes produtoras como a Globo Filmes centralizam a produção e distribuição nacional – e quando entra nas salas de exibição, acaba saindo prematuramente, não resolvendo seu plano de mídia, pois um filme só sustenta seus incentivos sendo visto, caso contrário, arremata de dívidas os idealizadores do projeto.



Recentemente, o Ministro da Cultura, Gilberto Gil, durante aula magna na USP vociferou argumentações duras sobre o posicionamento da grande mídia nacional sobre a Ancinav – Agência Nacional de Cinema e Vídeo, como proposta do Governo Federal de criar um órgão regulador fomentando, dentre outras coisas, a inclusão digital em nosso país. Quanto às expressões inóquas dos setores mais conservadores da comunicação social, Gil disse não concordar em ser chamado de autoritário. De fato. Sua participação na cultura brasileira deveria no mínimo, ser respeitada. Daí a interpretação tendenciosa: “regular” não é “controlar”. Li o documento no site do Ministério da Cultura, achando muito conveniente que o ministro pensasse daquela forma. O projeto foi enviado para o Congresso Nacional, devendo ser analisado em 2005, quando os parlamentares deverão levá-lo à votação. O projeto Ancinav está pautado numa ampla reforma institucional e privada nos setores da mídia neste país, o que poderá provocar grandes distúrbios políticos ( aliás, necessários ) entre duas vertentes do jornalismo brasileiro: o atrelamento econômico e político dos oligopólios versus vertentes de esquerda, o que penosamente, é minoria neste país.



Bem, somos parte desse processo – o que necessariamente não é tão complexo no conceito marxista – , continuaremos a experimentar um modelo de mudança quando velhas estruturas precisam levantar suas devidas bandeiras e defender seus interesses e qual ‘grupo’ representam. Gostaria aqui, de utilizar as palavras de um grande diretor teatral paulistano ( que por sinal, adorava cinema! ) chamado Antunes Filho, em biografia escrita por Sebastião Milaré, para demonstrar o sentimento de notável seriedade que tinha por sua luta:



“ O artista deve estar plenamente revestido de informação, em todos os sentidos. Deve ser o corpo e a voz do poeta, mas sobretudo, poeta. Só talento, disposição e garra não basta. É necessário o estudo de livros e pesquisas exaustivas, laboratórios e discussões duradouras. Dessa forma, poderá entender o mundo e qual a razão de estar fazendo parte dele. O que propomos? O que queremos? O “quê” representa um artista no mundo? A sua história individual deve servir como exemplo e responsabilidade para a ação política. O artista deve ser o mundo. Não um ser mágico, anormal,mas um ser humano qualquer, capaz de interferir na transformação de seu meio através de suas potencialidades. E para isso, os artistas em geral precisam ter visão espacial”. Espaço visionário por uma arte mais democrática através da mída.





Paulo Milhomens

Ator, estudante de História e membro do MNLM – Movimento Nacional de Luta pela Moradia

paulokalil@hotmail.com

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