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Artigos-->Falando em eleições... -- 02/11/2004 - 19:01 (Érica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Moro nos Estados Unidos há pouco mais de 30 anos. Tornei-me cidadã americana quando nosso glorioso Fernando Henrique permitiu que uma pessoa mantivesse sua cidadania brasileira ao receber outra. (Do contrário, como era até então, quando eu teria de renunciar à brasileira, eu não me colocaria jamais como cidadã norte-americana.)



Uma das razões que me levaram a adicionar a cidadania americana ao meu currículo vital foi o fato de poder votar. Voto até para juiz da região onde moro. E o pessoal não conserta os buracos da estrada que percorro quase todos os dias a caminho para e do trabalho, telefono para o escritório do meu representante na Câmara Municipal e os faço lembrar que pago impostos, etc. e que não dá mais para arrebentar meu carro um pouco todos os dias... (Nem sempre os telefonemas resultam em soluções práticas ou imediatas,mas isto é outro assunto.)



Como cidadã norte-americana, hoje cedo fui votar. É a terceira vez que voto nos Estados Unidos - na primeira votei no Clinton, na segunda, no Gore e, agora, no Kerry.



Em nenhuma das minhas experiências votantes anteriores senti o ar tão elétrico como senti hoje. As pessoas riam nervosamente. Houve quem se incomodasse com o sol que entrava pelas vidraças do saguão do prédio onde estávamos - coisa que nunca seria pano pra manga em outras ocasiões. Ninguém mostrava seu cartão eleitoral - onde está escrito DEMOCRAT ou REPUBLICAN (porque um e outro se registram antes de votar).



Há em todas as partes uma atmosfera de expectativa muito grande, perceptível demais, além da sensibilidade individual. Parece que estamos votando entre vida e morte - posso parecer exagerada, mas pode ser que eu esteja certa. A maior parte dos americanos têm familiares (jovens, com um futuro pela frente)envolvidos na guerra do Iraque. Não lhes parece muito patriótico admitir, mas este atual presidente tem muita culpa na situação. É difícil arrancar uma opinião política de um norte-americano. Na maior parte das vezes, eles enrolam e a gente acaba sem saber qual é a opinião deles. A menos que seja em censos por telefone ou pela internet, onde se pode guardar anonimato. Mas em termos pessoais, bico calado. Será na votação que eles se manifestarão.



A votação transcorreu lentamente. Muita gente na fila e as pessoas encarregadas de nos dar os cartõezinhos magnéticos que nos abririam os cómputadores são todas voluntárias. Os mais jovens entre eles devem ter 80 anos - são lentos em ouvir nossos nomes, são lentos em procurá-los na lista, são lentos em nos dar o cartão (depois de várias dedadas no arquivinho sobre a mesa) --- mas finalmente a gente chega perto das urnas (computadores abertos, havia uns cinco deles no local onde votei). A gente toca com o dedo os quadradinhos com os nomes dos candidatos - e ainda há uns quadradinhos também se a gente não quer nenhum deles e tem o seu especial - seria o caso de um Cacareco, por exemplo.



Fui, votei, saí. Na saída, uma velhinha bem velhinha me deu uma decalcomonia que diz: "I vote!! e também em espanhol: "Yo voté." (Sem ponto de exclamação, acho que porque não tinham o ponto de cabeça pra baixo, que existe em espanhol no começo de uma expressão exclamativa).



Coloquei a decalcomonia na gola do blusão. Saí para um dia belíssimo de outono, sol maravilhoso, folhas secas voando pelo chão.



Tomara que o bom senso volte a este país. E que tudo seja, dentro do possivel, oK... (notaram: K maiúsculo).

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(Nesta altura da escrita, ainda não sabemos os resultados, mas os passarinhos parecem dizer que será o K, o meu candidato.)

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E.E.
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