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Artigos-->MARAVILTA -- 31/10/2004 - 09:14 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MARAVILTA, A ÉPICA POSSÍVEL



Francisco Miguel de Moura *





“Cantar é gesto de grande validade”, eis o segundo verso do poema de Erorci Santana. No primeiro pede licença para dizê-lo. E o diz de maneira tão natural que os menos avisados podem pensar que não teve trabalho nenhum, foi só pegar da pena e os versos saíram escorrendo como um rio (“rio limpo, atravessando / a alma sem escoriações, sem danos, embora / maculada para sempre a sua líquida história (p.65). Não tenho dúvida de que ali, se ainda não noutra obra, o poeta se revela um grandioso poeta.“Maravilta” maravilha em poesia. É a épica pós-moderna possível. Um poema como esse não há quem o leia e não sinta o desmantelo do mundo, nossa casa sendo destruída, nossa alma a sofrer todos os esmagamentos. Não é possível lê-lo sem que nos venha a lembrança de Dante e de outros poetas que cantaram o céu, o paraíso, mas também o inferno. “Quando eu vinha pelo Novo Mundo, / sopesando os adereços que a vida me legara, / deparei, nus, alguns monstrengos / que o tempo e o vício deformara / e velhos feitores debruçados, pranteando / o cadáver evanescente da História” (p. 23).

E Homero, por que não? “Meia dúzia de bois, seis sombras / esquálidas foi o que restou / da pompa de outrora. Seis pares / de chifres sonâmbulos, seis dísticos / córneos já de si subtraídos a dignidade / animal, apartados de rebanho e herdade, / confinados em seu mísero redil (p. 31).

Ao mesmo tempo que lira nova, lira limpa, lira livre, lira leve, assim deve ser um poema épico contemporâneo. Sim, certamente. Mas de um épico-lírico-dramático que nos reverte ao antes das teorias literárias, à sua origem simples e séria, verdadeira nos sentimentos.

Erorci Santana, autor de “Maravilta” cria um mar que é todo dele e todo nosso, quando idealizado como esse mar interior mais complexo que o comum e conhecido, mas profundo e mais vário.“O mar que me horroriza não é tanto / o mar das cartas ou aquele que se avista / da praia, de uma aeronave ou do frontão. / Desses ângulos, a visão do horror aquático na alma se dilui, / cede lugar à beleza advinda da contemplação. / Há outro mar sob a planície indevassável, / um inferno proto-histórico e abissal, / o lugar do pesadelo e sua vil figuração” (p.35).

Erorci Santana é um criador de novas imagens, novos símbolos, novas sensações (“cachorra inerte” – p.131; “aurora suja” – p.31; “apavorado alarido desta nave” – p.15; “seis nadas, seis miragens, seis bocas, seis arremedos” – p.31; sobretudo “uma salva de tiros de canhão” (p.21) para ela, a Palavra, à sua saúde. Mas não esquecer que os símbolos da mitologia, da história, da filosofia, aqui estão postos de modo conveniente e com economia, concorrendo mais ainda para a beleza de seu original poema. Muito mais teríamos a dizer se o espaço me permitisse. Por isto finalizamos, em resumo que Erorci Santana faz uma poesia sumarenta, multiforme, sem afetação, ritmo aberto. Não se satisfaz com dois ou três, pratica todos, os mais e os menos comuns, populares e novos, para a beleza de seu poema.

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*Francisco Miguel de Moura é membro da UBE, escritor em prosa e poesia, mora em Teresina – PI.

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