Usina de Letras
Usina de Letras
274 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62171 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50576)

Humor (20028)

Infantil (5423)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->FRANKESTEIN -- 29/10/2004 - 11:08 (Carlos Higgie) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






Mary Shelley, mulher do poeta Percy B. Shelley, escreveu Frankestein para um concurso de histórias de terror, organizado por Lord Byron. Seu relato foi o vencedor e passou a povoar a imaginação de muitas gerações, chegando até nossos dias, transformando-se em peça teatral ou filme, atingindo e comovendo milhões de pessoas em todo o mundo.

Muitos elementos, típicos do romantismo, aparecem diluídos ao longo da narração. Deixando de lado aqueles momentos que constroem a história e centrando nossa atenção em alguns detalhes, descobriremos que a obra está inserida dentro do romantismo, mais precisamente na corrente que tem em Lord Byron uma de suas máximas expressões.

O grotesco e o sublime, a alma e o corpo, nossa parte animal e nossa parte inteligente estão manifestando-se, a todo instante, dentro da história. Grotesco é o monstro no seu aspecto físico, na sua aparência, nos seus gestos. Mas ao mesmo tempo é sublime quando faz nascer música de um instrumento, quando ajuda ao cego, quando acredita que o amor, de um ser igual a ele, pode redimi-lo, salvar sua existência.

Criador e criatura são faces opostas de uma mesma moeda. Mas não permanecem fixos, impassíveis, inalterados. Como num jogo estranho e com regras não muito claras, eles trocam de lado, passando o grotesco a ser sublime e vice-versa.

Há no Dr. Victor Frankestein, individualismo, egocentrismo, obsessão pela morte e como vence-la, dúvida e desilusão. O seu “eu”, poderoso e livre, transforma-o em um homem capaz de enfrentar a Natureza, desafiar ao próprio Deus, acreditando que ele pode mudar a ordem do universo, vencer a morte, recriar a vida.

Como toda obra romântica, a natureza, suas manifestações ( sol radiante, tempestade, chuva, noite e dia ) acompanha as peripécias das personagens. Sempre, no momento chave da experiência do Dr. Frankenstein, raios de pura energia rasgam o céu plúmbeo, vestido de tempestade. Por um lado ajudam a recriar a vida, por outro, parecem condenar a experiência, a vaidade, a insolência do homem querendo ser Deus. Mas esse parece ser o destino dos românticos daquele momento: centrar o esforço no “eu” liberado, inventando um caminho onde não há nem uma trilha, seguindo o instinto e embarcando em aventuras de dúbio final.

Quando o romântico descobre que a sua liberdade, seu empenho, sua obsessão, sua inspiração, levam a um estágio muito aquém do imaginado, surge o tédio, a nítida sensação de que tudo foi em vão. O Dr. Frankenstein é assim. Obcecado pela imortalidade, e por isso mesmo lidando constantemente com a morte, inspirado não se sabe bem por qual musa ou demônio, ele traça seu caminho, esquece de tudo, até do amor. Embarca num ritmo ansioso, tenso, de inefável inspiração, desejando chegar logo ao seu destino. A morte, sua inimiga, contra a qual lutou incansavelmente, chegará como um manto de paz, de tranqüilidade, de repouso total. E isso é muito romântico. Lutar até a exaustão, entregar o corpo e a alma e depois morrer envolto numa amálgama confusa de sucesso e fracasso, de dever cumprido e derrota.

Em determinados momentos, e dentro daquela dualidade própria do ser humano, criador e criatura confundem-se. Uma das cenas finais do filme mostra os dois seres, faces de uma mesma medalha, unidos pelo instante supremo e único da morte.

Como diz Victor Hugo no seu famoso prefácio: “( ... ) que tudo na criação não é humanamente belo, que o feio existe ao lado do belo, o disforme perto do gracioso, o grotesco no reverso do sublime, o mal com o bem, a sombra com a luz.” Essa é uma verdade, por mais romântica que possa parecer.

































Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui