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Artigos-->Quilombos ! -- 26/10/2004 - 00:25 (AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA/Alcir J.T. de Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quilombos



Juramento, Beira-Mar, Muquiço, Barbante, Vigário Geral, Dendê, Acari, Coréia, Mineira, Faz-Quem-Quer, Kelson, Sapo, Maré, Alemão, Rocinha, Vidigal, Providência, Borel, Mangueira, Dona Marta, Esqueleto, Pedra da Boceta, Coréia, Quitungo, Muquiço, Sessenta, Vila Portuária, Matriz, São Carlos, Pavão, Pavãozinho, Cruzada São Sebastião e tantos outros neo

quilombos que sitiam e aterrorizam a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, não são uma novidade destes dias em que vivemos, pois desde a fundação da cidade em 1567, que os problemas com os desprovidos, os excluídos e os marginalizados atingem e atacam a tranqüilidade e a vida dos demais habitantes que em grande parte contribuem para a sua própria desdita e para com os problemas que outrora enfrentaram e hoje mantemos; a descriminação e as disparidades sociais fazem parte das causas deste estado de guerra civil em que vivemos sem mencionar a incompetência moral, ética e intelectual demonstradas pela atual e por administrações que à antecederam .

Entre 1808 com a vinda da família real de Portugal e a elevação do status da cidade do Rio de Janeiro e 1888 com o fim da escravidão (instituída) e conseqüentemente com o abandono à própria sorte da população negra desprovida, desempregada e descriminada, teve inicio o processo de degradação das relações de convívio social entre as diferentes populações que habitavam o espaço urbano da cidade e seus arrabaldes, como disse anteriormente, o problema da criminalidade teve inicio a partir de 1567, era então extremamente perigoso circular pela recém criada cidade e mesmo nos anos seguintes a partir do anoitecer, corria-se o risco iminente de levar-se uma flechada não perdida e direcionada ao incauto que se atrevesse a cruzar as áreas ermas e escuras da vila sem a proteção de uma escolta avantajada e bem armada, meliantes, piratas estrangeiros e os temíveis Aimorés e Tupinambás lá estavam para aliviar os destemidos de seus valores, de suas vidas e também de seus corpos que eram parte da dieta das tribos supracitadas. Em 1892 com destruição dos cortiços para a construção do cais do porto a situação das famílias jogadas ao relento as levou a ocupar as encostas dos morros, onde já viviam os marginais procurados de então, que foram imediatamente eleitos como os protetores das recém criadas comunidades, que deram inicio em 1897 as favelas da Providência, São Carlos e de Santo Antonio na área central da cidade.

A situação dos desvalidos ficou ainda pior a partir de 1902 com a Reforma Passos promovida pelo prefeito Francisco Pereira Passos , que refez o desenho da área central e que por um lado inovou e embelezou por outro ao destruir áreas e cortiços, lançou mais famílias e indivíduos ao abandono e ao ódio provocado pela injustiça e pela exclusão por suas reformas criadas; as coisas tendiam a ficar pior e o estopim estava colocado no barril de pólvora em que se transformou a cidade, as diferenças entre os ricos e os miseráveis sem nada era flagrante e cruel, enquanto os abastados para fugir as doenças do centro expulsavam os pobres da área alta, central e arejada de Santa Tereza, as favelas se formavam em toda a área metropolitana e adjacências, as injustiças prosseguiram em 1927 com o Prefeito Prado Junior que criou o plano Agache e em 1955 com a criação da favela de concreto batizada de Cruzada São Sebastião na área nobre da Zona Sul do Rio no coração do bairro elitista do Leblon; outros acintes e aviltações aos desvalidos foram cometidos entre estes períodos e mesmo depois, durante a ditadura militar as coisas não melhoraram em nada para as populações pobres da cidade, conseqüentemente as relações entre estes miseráveis descriminados, as elites e seus protetores e a classe média se deterioraram até o ponto em que se encontram neste inicio do século XXI; somando-se a isto, não poderia eu esquecer a perpetuação da ações vis e canalhas de empresários e políticos passados e atuais que na ordem, insistem em apropriar-se de todas as benesses para si e para os seus e daqueles que eleitos para atuarem em defesa dos interesses coletivos, forjam alianças com as elites e abandonam a própria sorte e espoliam a aqueles que não dispõem das benesses do capital e conseqüentemente do apadrinhamento do estado legal.

O que temos hoje nas favelas do Rio de Janeiro, é a releitura do sistema de quilombos, onde efêmeros e transitórios Zulus e Ganga-Zumbas impõem enquanto vivos as leis e os ditames que devem ser seguidos e respeitados por todos aqueles que querem receber algum tipo de proteção das ações do estado corrupto, incompetente e ausente em suas vidas. As leis destes senhores feudais são objetivas e incoerentes, rápidas e irrecorríveis, definitivas e cruéis, paternalistas e incestuosas, sangrentas e dolorosas, porém as ações dos que representam o estado também pautam-se pela crueldade, pela covardia e pela obtusidade. O que necessitamos hoje em dia é de homens inteligentes,

coerentes e éticos e não garotinhos corruptos, irresponsáveis, obtusos,

populistas e pseudo-religiosos para comandar e encontrar os meios de equilibrar as acintosas diferenças entre as populações que vivem nesta cidade, planos de inclusão e de distribuição de benesses e de direitos, são extremamente necessários para que as condições de vida tornem-se toleráveis para todos e para que sejamos menos vitimas e mais cidadãos, os parâmetros devem ser traçados e dentro de suas novas regras devemos beneficiar aos que tanto perderam desde 1567 e principalmente punir as elites acostumadas a

impunidade acoplada as suas ações injustas e segregacionistas protegidas pelo poder econômico que detém graças a espoliação levada a cabo contra as populações pobres e marginalizadas contando com a conivência covarde e venal das Rosinhas de hoje e seus antecessores não menos ignóbeis servis e obtusos que tanto contribuíram para a situação em que hoje nos encontramos.

A posição dos senhores da guerra e controladores das vidas nos quilombos da modernidade, é uma ação inquestionavelmente promovida pelas omissões injustas destes (e destas) patifes governamentais que obtiveram o poder seja por meios lícitos e desprovidos de ética como o de elegerem-se através do populismo assistencialista e da obtusidade religiosa ignobilmente imposta por grupos uníssonos em seja qual for o deus em detrimento da humanidade e por aqueles que se outorgaram o direito de controlar as vidas e as decisões de toda uma sociedade por meio de uma ditadura abjeta, ignóbil, covarde e virulenta,que agravou as desigualdades e reforçou um sistema de castas que atrasaram em muito o desenvolvimento humanista da sociedade brasileira.

Enquanto as injustiças, a impunidade e as desigualdades insistirem em perpetuar-se em nossas vidas, as balas perdidas continuarão celeremente a ceifá-las.











Alcir Jose Trigo de Souza

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