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Artigos-->HORA DE APRENDER COM A DURA REALIDADE -- 18/10/2004 - 11:50 (ƒ.; ®.; ane©.; o) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Jornal do Brasil



Publicado em: 18/10/2004



Sem medo e sem esperança

Sérgio Coelho





As candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República sempre foram marcadas por sentimentos antagônicos. De um lado, os céticos, que consideravam com seriedade as propostas históricas do PT e se desesperavam com a possibilidade de uma política macroeconômica irresponsável e inconseqüente. De outro, os esperançosos, que viam no partido surgido dos movimentos sindicais do ABC paulista um exemplo de boa intenção e retidão moral.



O tema, aliás, foi extremamente bem explorado pelo publicitário Duda Mendonça durante a campanha eleitoral de 2002, pela contraposição entre o medo e a esperança , ao final vencido por esta última. Bastou pouco mais de um ano de governo Lula para demonstrar o quanto ambos estavam errados e o quanto a política pode ser surpreendente. A verdade, hoje revelada, é que tanto o medo quanto a esperança baseavam-se em um mesmo e equivocado pressuposto: a crença no mito da coerência petista.



De fato, sendo o partido coerente que tanto os simpatizantes quanto os opositores imaginavam, o PT não se envolveria em falcatruas políticas, zelaria pela transparência e pela apuração das denúncias referentes à ação do governo, combateria o clientelismo e a corrupção, romperia relações com o FMI e mudaria radicalmente a política econômica herdada do governo Fernando Henrique Cardoso. Nada disso!

O que se viu desde que o PT assumiu a Presidência foi um festival de denúncias e de desmandos como há muitos anos não se tinha notícia. No governo de Lula, a população assistiu estarrecida, por exemplo, ao inacreditável caso, entre outros, das pressões políticas sobre a Diretoria do Inca, a história da viagem oficial da ex-ministra Benedita da Silva para participar de um evento religioso no exterior e a notícia da aquisição de um novo Boeing para o presidente.



Contrariando o antigo discurso petista, os benefícios pessoais correram à solta no primeiro ano e meio do governo Lula, sendo que a nota tragicômica do período ficou por conta do pedido oficial formulado pelo vice-presidente, José Alencar, a um diretor de hospital público para considerar a solicitação de um amigo que queria ver o neto no programa de residência médica da instituição, independentemente de sua colocação no processo seletivo.



Por fim, ficamos sabendo que o homem escolhido para intermediar as relações entre a poderosa Casa Civil da Presidência da República e o Congresso Nacional mantinha relações perigosas e inconfessáveis com a cúpula da jogatina ilegal. É, sem dúvida, um prato cheio para um governo eleito sob as bandeiras da ética e da honestidade.



Na área econômica, a surpresa teve proporções idênticas. Ao contrário de romper com a política do governo anterior, Antônio Palocci e sua equipe mostraram competência e responsabilidade em níveis muito superiores aos que o histórico do PT poderia sugerir.



Ao contrário da esperada insensatez, a equipe demonstrou impressionante tranqüilidade para acalmar as turbulências do final de 2002 e surpreendente pragmatismo durante o ano de 2003, chegando ao ponto de cometer a suprema heresia de recorrer ao Fundo Monetário Internacional, que sempre foi uma espécie de Satã na antiga cartilha petista.



O PT que causou medo e esperança antes das eleições de 2002, portanto, é um partido totalmente diferente daquele que assumiu o governo em 2003. Prova de que a política no Brasil não tem mesmo jeito e que os políticos são todos farinha do mesmo saco ? Não. Prova de que o bom voto não é dado pelo coração, mas pela razão.



O tempo dirá se nós, eleitores, vamos aprender mais essa lição que nos oferece a democracia ou se vamos tratar de desprezá-la, como de hábito.

Sérgio Coelho é advogado

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