COISAS DA PAIXÃO
(Por Domingos Oliveira Meeiros)
Não é segredo: a paixão enlouquece; nos tornamos cegos e ousados. Capazes dos gestos mais inusitados. Visto pelo ângulo de terceiros, que não sejam parceiros desta trama, de quem ama, somos, simplesmente, ridículos. E o exemplo está por todos os lados. Basta prestar um pouco de atenção. Até mesmo, quem diria, na própria eleição; que, a rigor, não deixa de ser um grande exemplo de paixão. De obsessão. Com todos os seus condimentos: sedução, interesses disfarçados, namoros forçados, infidelidade, traições. Gestos e atitudes inusitados. Casamentos nunca dantes sonhados.
Mãos que se afagam e que se apedrejam, com a mesma naturalidade. Tudo em nome do amor maior: o Poder, com letra maiúscula. O maior de todos. O fura bolo. O cata-piolho. Todos de olho nas mãos do novo rei: que indica, que nomeia, que esconde e protege. Que faz promessas, que lembra ou que esquece. Vai depender do tempo que durar o casamento. Do tempo que suportar a união, feita pela via da coligação. A nova Pasárgada em gestação. Bom para os amigos do rei.
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