PROFESSORA IRRITADA
Na sala dos professores, a professora fala de tudo; novelas, restaurantes, das bijuterias que a diretora usa e planeja um intervalo com comes e bebes. Nesta hora de descontração, ouvir falar de aluno não dá pé. Como toda professora de escola pública, é doutora em receitas. Coisas da modernidade! Vem dos tempos da vovó, mineira de Minas Gerais.
Quando a velha campaínha assusta todo o mundo, todas esperam pelo segundo toque que, é o do aluno em fila e perfilado para o momento de : " A minha terra é um coração, aberto ao Sol pelas enxadas..."
Dentro da sala:- menino senta-se, menina cuidado com a mochila no caminho...
Chamada numérica... Cabeçalho com informes de pescador ( lua,etc) e o objetivo do dia. Pela sala, cafuné daqui, cafuné dali... Que letra linda Juninho! Sua folha parece um papel de carta Meire!
No calor da tarde, o telhado da escola de lata tamborila sem parar, como num dia de chuva de pedras. Os barulhinhos vão penetrando na alma de cada um e a indisciplina corre solta, apesar de toda postura pedagógica da mestra. Ninguém quer mais ficar na cadeira. Vira o momento da pedição:- Deixe eu beber água? Posso ir no banheiro? Professora posso ir na sala do meu irmão buscar o meu livro de histórias?
A professora polivalente, já na última aula, de repente, vê um aluno colocando um bilhete nas costas do colega, grita:- Vai sentar, moleque!...(...)Chega o fim do período. Toca a campainha. Todo mundo já na fila e a mestra perde de vez as estribeiras, por causa do Wilker, que, com a mão nas costas do colega, perguntava pelo plural de uma palavra e quando o colega respondeu: "decimais", o Wilker desceu a
mão até as nádegas do colega.
A professora explodiu...
Fim de mais um dia de trabalho, menos um na vida.
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