Morreu o homem que tanto implorou por sua vida. Decapitado. Estilo dos cruzados e dos árabes, nas suas lutas medievais. E também de Alice no País das Maravilhas - "Cortem a cabeça dele!" - gritava a Rainha.
O Blair acha que não cedeu às imposições do grupo de assassinos. Mas, na verdade, cedeu. Porque o grupo impôs dois caminhos: a morte do refém ou a soltura das mulheres presas no Iraque. - O governo de Blair preferiu a morte do refém. Portanto, cedeu a uma das imposições.
Matematicamente correto, moralmente encardido.
Como ele não precisa mais ser eleito para coisa nenhuma e tem sua aposentadoria bem assegurada, thank you, fez o que o comando lhe ordenou que fizesse. Só que escolheu os 50% mais errados - aqueles que levou a vida de um homem que pedia, chorando, que não o deixasse morrer.
Blair brinca de deus... como o outro, o Bush. São ambos seres poderosos que designam quem morre, quem vive. Igual ao grupo que degola gente pela televisão. Qual será a diferença? Ah é mesmo - há o grupo que fala inglês, e o outro que fala árabe.
Todos os dois brincam de deuses.
Algo na constituição psicológica desses pseudodeuses - anglos e árabes - os terá levado
a pensar em si próprios como gerentes infalíveis do mundo de hoje. É o Ocidente em briga com o Oriente. E o mais interessante é que ambos são igualmente civilizados, ah sim, cada um tem um peso extraordinário de civilização. Esta se transmite pelas guerras que tiveram lugar nas suas respectivas histórias. E daí?
Adiantou alguma coisa? Quem dá a volta para o passado, cai no primeiro buraco. Este ainda está por aparecer. Mas a pontinha já se deixa ver. O fim está próximo. E o pior é que ninguém vai ganhar nada. Quero viver pra ver. Ou será que quero?