Eu conheço um cavaleiro
Armado de verso e prosa
Que galopa o dia inteiro
E de noite me traz rosa
Faz minha pele tremer
Faz meu suspiro gemer
Nessa investida fogosa.
Ele sabe meus miados
e conhece meu galope
foge do coice arretado
mas se gruda em meu cangote
tem o colo mais quentinho
só me trata com carinho
até querer dar o bote.
Ele entende que a serpente
que rasteja pelo lodo
escorrega em sua mente
quando se finge de morto
mas na hora de comer
é ele que vai morrer
enterrado no meu corpo.
Faz que monta em minha sela
ou talvez, quem sabe, em pêlo
mas a potra não se entrega
finge enfado só pra tê-lo
sai arisca em liberdade
quase morre se saudade
volta pro seu cavaleiro.
Quando eu, Lili, fico brava
É com ele que vou ter
solto o coice e as amarras
dou unhada pra valer
mas meu fogo a ele esquenta
mil poemas ele inventa
pra modi me derreter.
Se souber domar a fera
com carinho e afeição
vai se esquecer da megera
e viver só de paixão
mas precisa ser galante
pra ganhar seu seio arfante
caminho pro coração.
Como gata feminina
égua xucra pelo pasto
ou a serpente ferina
poetisa de amor casto
ela nunca teve arreios
não aceita galanteios
de homem que não seja macho.