Sentimento estranho de um amor,
sem pé nem cabeça ou coração,
que não ama e sofre sem amar,
que assume a culpa sem querer.
Uma escolha certa de peito aberto
transformando a vida com o tempo,
flutuando na superfície do meio-cheio,
guardando o silêncio no meio-vazio.
A razão não aceita a boa causa
e nem o mais nobre dos motivos.
Não há força que mude o coração,
não há força que mude a natureza.
Mas a culpa assumida não dissolve
a mágoa que as regras impuseram,
e hoje o meio-vazio rompe o silêncio,
e se inunda com as águas do passado. |