NOITE DE VERÃO
Ela veio mansa, silenciosa, sorrateira. Percebia-a vagamente, através dos olhos marejados. Os lábios ressequidos e a rouquidão calaram-me. A voz embargada, nada pude dizer. Envolveu-me aos poucos, até tomar-me por inteiro. Em febril compulsão, tirei a roupa e fomos para a cama. Fundidos na maior intimidade, um único corpo, rolamos e rolamos.
Foram três dias seguidos de ininterrupto envolvimento e alucinação. Não me deixava, abraçava-me todo o tempo, não permitindo descanso. Sôfrego, indormido, minha resistência foi diminuindo até a exaustão; a vigília era entremeada de breves intervalos de sono tumultuado e delirante.
No quarto dia, ela foi embora, afinal.
Eta gripe filha...! |