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Cordel-->Meia-idade, criança menina...(III) -- 28/09/2002 - 20:44 (Elpídio de Toledo) |
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O autor é Hollis, James
pela Paulus Editora
livro que cita vexames
da idade sofredora(*)
Quase tudo que se lê
abaixo, é do autor
Mas, se alguém vai sofrer
Que reclame com doutor
Meia-idade passando
tem seu significado
Da miséria nos tirando
Ele dá o seu recado
Se você já o tem lido
veja como eu o leio
Muito fica resumido
mas creio que não é feio:
Na sua meia-idade
dor e desapontamento
por longa intimidade
como a do casamento
Não há potencial mor.
Sua criança interna
traz o fardo d esperança
necessidade fraterna
desaponto na andança
Se olhando para trás
como tudo era feito
vê-se nada eficaz
de tudo que foi eleito
Escolha do enlace
bem como da profissão
hoje faz tremer a face
face ao feito sem razão
Jovem sempre é paixão
é jura de compromisso
por toda vida tesão
Sabe ter filhos no viço
Mas, eis que vem a passagem
que pede confrontação
de si mesmo, sem vantagem
com a sua ligação
Se falta tesão, tensão
Quando sobrevive o par
treme a terra no chão
ou divórcio há de dar
Durante meia-idade
é preciso refletir
sobre a intimidade
pra valorar ligação
Entregue já foi sua alma
a quem quis peso levar
E em seu tempo de palma
romance é qual casar
Mas sempre serviu este
pra guardar e passar vida
de valores inconteste
fé, tradição e guarida
Sendo o amor nipônico
ou de mútua dependência
nada fica eletrônico
par dura toda a vivência
Mas, se dois sentem paixão
sentir de amor injusto
claro, vem logo pressão
pra jura a todo custo
até que os separe a morte.
No fundo ego se dá
ciente das relações
mas, romance não fará
liga em tais confusões
Essa honra cabe à Graça
do homem que sabe bem
Vê seu imo e bem traça
quando anima já tem
Sabe lá o que é isso
saber de corpo, instintos
sentimentos, compromisso
todos muito bem distintos?
Sendo ela a questão
animus como Graça terá
sem se deixar ir em vão
sobre machos saberá
do princípio masculino
que a orientará
É dele que vem seu tino
aptidão, quê fará
Mas, tendo fundamental
para relacionamento
as projeções do casal
um faz do outro momento
Recíprocas projeções
cada um do que já sabe
conforme as atrações
até que romance acabe
Ambos sentem na romança
uma profunda união
energia, esperança
acolher de coração
Amor à primeira vista
é que mais sói ocorrer
Seja até vigarista
Que sustente o seu ver
No fundo pesa programa
Mas, há algo especial
No outro a quem se ama
Difícil ver o banal
Nunca me senti assim
diz quem se apaixonou
e as modinhas sem fim
reforçam o que brotou
Mas, a vida em comum
rói sem dó as projeções
Seu par, de modo algum
suporta as ilusões
Na sua meia-idade
vem a triste conclusão
um não é cara-metade
com quem se casou então
De fato, nunca foi par
Estranho e mal conhecido
só hoje pôde mostrar
depois de tudo vivido
Anima projetada
e animus desejado
faz alma apaixonada
sentir o que é faltado
Perde o Papai Noel
quem agora se dá conta
de que melhor é seu céu
se ao si-mesmo remonta
Mas, e o relacionar
pra que serve ele então
já que nada vai lhe dar
esperado de montão?
Quando um pode sentir
O simbolismo de fato
jesus-meu-deus há de vir
qual tico-tico-do-mato
Simbólica vida sendo
sua Graça é divina
Você é ator vivendo
como criança menina
Profissão, filhos esquece
E tudo o mais é maya
seu coração não aquece
sua Graça vem dar vaia
Vendaval de fusões
na primeira idade adulta
crer em complementações
é o que mais nos avulta
Só supera a fusão
o relacionar maduro
Ao invés da confusão
si-mesmo é que vem puro
Só individuação
Cada um com seu si-mesmo
Responsabilização
sem mais palavras a esmo
Ninguém poderá lhe dar
o que precisa, no fundo,
Somente você o faz
e festeja com seu mundo
Companheirismo, respeito
apoio mútuo vão dar
E diálogo feito
é contra-argumentar
Aceitar as diferenças
Esquecer confirmações
Alterar-se sem ofensa
Banir equalizações
Cada qual é cada qual
E o bom relacionar
passa a ser o bom sal
pra convívio temperar
Compartilhar solitude
como Rilke já dizia
Essa é a maior virtude
do casal no dia a dia
Casamento é conversa
Nietzche já o afirmou
A dialogia tersa
da relação que durou
Crescer individual
faz parceiro conversar
Bloqueá-lo é um mal
só tristeza vai gerar
Entre tantos casamentos
muitos na meia-idade
já se mandaram aos ventos
ou vão em dificuldade
Uns, por amoroso caso
outros por causa do vício
Com o trabalho no raso
e filhos no edifício
Outros sublimam com netos
adoecem, se deprimem
Jamais lhes chegam projetos
positivos que animem
Coragem é necessária
pra examinar a base
pois, ela pode curar
e deixá-lo noutra fase
Na mágica do outro crer
é auto-engano, então
Se alguém par assim ter
trata-se de projeção
Meio-idoso dependente
do outro o tempo todo
não se assume, nem sente
Que passa por um engodo
Coragem rumo ao imo
é a chance se abrimos
as portas ao nosso íntimo
para o que não sorrimos
Par não tem obrigação
de ser o que vida é
É assim, nesta tensão
que ativa sua fé
Verdade inabalável
mude ou murche ao ver
o quanto de não amável
foi com seu imo, seu ser
É de fundamento tentar
as nossas obrigações
próprias, com as do par
equilibrar sem tensões
Individuação vista
e sentida necessária
como primeira da lista
menos dura a urticária
Ela é razão de ser
do bom relacionamento
Se o casal perceber
mais dura o casamento
Pense na situação
dez anos mais sem mudar
Se o par é reação
é porque quer projetar
Está sendo controlado
por sua ansiedade
pelas projeções atado
qual na primeira idade
E, se ele quer assim
sem individuação
irá até o seu fim
privado de dizer não
Não pode o Outro vetar
que luta por liberdade
não deseja bloquear
quer responsabilidade
Crime espiritual
é tentar o outro vetar
de crescer em ideal
desenvolver-se, ar
(Continua na próxima semana, se Deus quiser!) |
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