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Artigos-->IMAGENS, NÃO FIGURAS -- 21/09/2004 - 10:54 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
IMAGENS, NÃO FIGURAS





Francisco Miguel de Moura*





Vivemos um tempo de ver e não de pensar. Prova convincente é abrir os jornais e revistas de hoje e os de ontem. Os de agora são mais figuras (reparem que não disse imagens) do que letras, matérias, crônicas, estudos, poesia. Não há o que ler. No nosso tempo os jornais viraram colunas sociais de ponta a ponta. Há só o que ver, da fotografia à charge, do gráfico econômico ao cartum.

Já disseram que uma “imagem” vale por mil palavras. Não sei. Há que pensar sobre isto. Primeiramente, contesto a palavra “imagem” como foi colocada – aplicando-se à fotografia, aos retratos, às charges, etc. Segundo, pelo que sei a imagem é um fenômeno intelectual e não visual, vem do verbo “imaginar”. E, quem apenas olha, vê apenas as faces visíveis. A invisível é para a imaginação, conforme registrou o filósofo Jean-Paul Sartre. Há fotos, gráficos, manchetes e legendas que não despertam o menor interesse, ou porque são ruins demais ou o assunto é “démodé” ou político e de humor a favor etc. A palavra “imagem” é tomada da poesia, da literatura, das letras, de onde é originária pelas sensações e sentimentos que escapam pelo intelecto. Terceiro, na imagem podemos encontrar um ou vários signos mas inúmeros significados e interpretações, dependendo da intensidade e da novidade.

A chamada “imagem” do real – fotografia – mesmo que em movimento está ali entregue, já interpretada, está diante dos olhos, portanto a mente fica inativa na sua recepção, e a ação, mesmo no cinema, torna-se insossa, sem nuances, exceto aquelas de fabricação, nascidas na máquina e alimentadas virtualmente por ela. Portanto, a liberdade, o livre arbítrio, as sensações intelectivas (e até auditivas), mais que as visuais, estão na poesia. Não é uma opiniãozinha qualquer, para ser descartada. Um romance, um conto, um poema possuem marcas que as “imagens” reais estão longe de captar, conhecer, degustar. Por isto é que assistimos a tantas “porcarias” na tevê, no cinema e até algumas representações teatrais, cujo roteiro, ou texto, foi escrito por um artista que não é dono da palavra, logo da verdadeira imagem. Ou seja, por quem não é poeta, só sabe ver, mas não sabe ler. As melhores novelas, os melhores filmes, as melhores peças teatrais, até agora, têm sido aquelas que partem de uma obra pré-existente, escrita por um criador de textos e imagens. Não se quer dizer que o diretor do filme, da novela, da peça de teatro não tenha o seu valor. Tem. É o de colocar as imagens intelectuais em “imagens” visuais. Dificilmente se vê o contrário: um filme, por exemplo, dar origem a um romance de nomeada. Escoremo-nos no grande Ascendino Leite: “O verdadeiro destino da palavra é, com certeza, a poesia. É o seu rumo, o seu objetivo, o seu ponto de chegada. Mas seu agente, sua força ejectora por excelência, é o intimismo do artista, baseado no realismo lingüístico e na imaginação criadora desatada”. Sendo a poesia a segunda das artes em importância, ficando o primeiro lugar para o teatro (este também arte da palavra), não há como se roubar a identidade da imagem. As outras artes não possuem imagens, mas figuras.



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*Francisco Miguel de Moura é escritor.

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