Usina de Letras
Usina de Letras
223 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62171 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50576)

Humor (20028)

Infantil (5423)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Discursos-->Da série Temas patrulhados: lembrar é preciso -- 26/03/2007 - 15:00 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Série Temas Patrulhados (7)

A Revolução de 64 e o esquecimento de sua razão de ser

No 40o. aniversário, o levantamento cívico-militar foi largamente comentado e até discutido, mas a sua causa profunda, inexplicavelmente omitida

Adolpho Lindenberg (*)

Passaram-se quase dois meses do 40o. aniversário da Revolução de 31 de março de 1964, que depôs o presidente esquerdista João Goulart. O histórico episódio foi comentado, discutido e até esmiuçado em dezenas de artigos e livros, vários deles de inegável erudição e vasta documentação, ainda que, na sua grande maioria, escritos por opositores a ele. Não obstante, é de constatar que a própria razão de ser, a causa principal do movimento de 64 tenha sido silenciada de maneira quase unânime por seus detratores, mas também por não poucos de seus simpatizantes.

Causa profunda

A causa profunda da Revolução de 64 está nos rumos cada vez mais esquerdizantes do governo Goulart e na crescente reação do povo brasileiro contra tais rumos. As Marchas da Família com Deus e pela Liberdade expressaram bem a inconformidade não somente da classe média - como alguns articulistas afirmaram de maneira restritiva - mas da grande maioria da população brasileira para com a comunização do país.

Regime socialista

Se a Revolução não tivesse ocorrido, tudo indica que nosso país teria evoluído para um regime socialista, à semelhança da Cuba castrista, ou do Chile de Allende. As "reformas de base", incluindo uma radical reforma agrária, a política de estatizações e a "demonização" dos Estados Unidos, teriam sido apenas os passos iniciais de um vasto programa de socialização do país. Tudo isso, não só com o apóio das lideranças mais radicais, mas também com as "bênçãos" da chamada "esquerda católica". É o que se depreende da ideologia e das metas de figuras exponenciais da era janguista, a começar pelo próprio presidente Goulart, mas também por figuras civis e eclesiásticas de destaque na época, como Leonel Brizola, dom Hélder Câmara, Francisco Julião e outros.

Contexto internacional

De maneira análoga, muito pouco se falou do contexto histórico internacional da década de 60. Esse contexto foi marcado pelo clima de Guerra Fria entre os defensores de regimes liberais e democráticos versus regimes socialistas, ou, simplificando um pouco, entre os Estados Unidos e a Rússia soviética. Os cubanos, a ponta de lança comunista na América Latina, treinavam milhares de guerrilheiros chilenos, argentinos, brasileiros, uruguaios, bolivianos, etc. com o objetivo de desestabilizar os governos locais e implantar sistemas sociopolíticos de inspiração comunista. Na quase totalidade dos países latino-americanos eclodiram movimentos subversivos, os quais provocaram reações dos setores sadios e majoritários da opinião pública. Notadamente no Chile, Argentina, Uruguai, El Salvador e Nicarágua, eclodiram enfrentamentos ideológicos, políticos e militares (a literal guerra civil em que se debate a Colômbia ainda constitui uma reminiscência desses tempos).

A Revolução de 64 também precisa ser vista, analisada e interpretada como um importante episódio nessa contenda internacional, decisivo para o rumo das Américas e o mundo, pela relevância que o Brasil possuía já nessa época.

Revolução de 64: apoio popular

Pelo inegável apoio e participação de todas as camadas da população com que contou, ela não pode ser reduzida a um "golpe militar", como pretendem as esquerdas, nem tampouco identificada inteiramente com os rumos e atos do regime militar que lhe sucedeu, ou desqualificada pelos censuráveis atos de torturas acontecidos durante esse regime.

Outros esquecimentos

Outros esquecimentos a respeito da Revolução de 64 poderiam ser assinalados. Por exemplo, salvas as exceções que confirmam a regra, não consta que os analistas brasileiros que neste 40o. aniversário abordaram o tema da Revolução de 64, tenham feito uma referência - ainda que de passagem - ao papel fundamental do movimento Tradição, Família, Propriedade, TFP, na criação do clima ideológico e psicológico, na opinião pública brasileira e católica, que levou à Revolução de 64. O referido silêncio - talvez se pudesse falar até de "patrulhamento" - contrasta com diversos estudos de "brasilianistas" estrangeiros publicados ao longo dos anos, muitos deles de esquerda, que tiveram a honestidade intelectual de reconhecer esse papel fundamental da TFP

. A difusão do livro "Reforma Agrária - Questão de Consciência", escrito por Plinio Corrêa de Oliveira em colaboração com dois bispos e um economista, e as públicas polêmicas dessa entidade com membros da ala esquerda do episcopado e da Ação Católica, tiveram tal relevância que a elas aludiu o presidente Goulart, em tom amargo, em discurso televisionado ao País, um dia antes de sua queda.

"Memória histórica" e amnésia

A continuação do esquecimento da causa profunda e do contexto histórico nacional em que se deu a Revolução de 64 poderá trazer sérios prejuízos à chamada "memória histórica" do Brasil, pois as novas gerações se verão afetadas por uma espécie de "lacuna" ou "amnésia" a respeito desse período, ou, na melhor das hipóteses, passarão a serem (des)informadas por uma visão profundamente distorcida desse processo.


(*) Adolpho Lindenberg é autor do livro "Os católicos e a economia de mercado", em que denuncia uma política com viés esquerdista que censura, marginaliza, "patrulha" ou encobre com um manto de silêncio, opiniões "politicamente incorretas".



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui