Um cordel bem comportado
Quero fazer de mansinho
Devagar e bem rimado
Com esses versos bonitinhos
Naquele estilo padronizado
Sem cheiro e sem espinho
Quero falar da natureza
Desse mundo sem porteira
Vejo tamanha nobreza
As rosas numa roseira
Trazem toda delicadeza
Da bela estação primeira
Vamos falar das flores
Lindas dessa primavera
Liberta paixões e amores
De quem está na espera
Por isso deixo horrores
Numa antiga tapera
“Caminhando e cantando”
Como dizia aquele poeta
Então me vejo admirando
Uma poesia ultra-secreta
Por isso de vez em quando
Me sinto meio profeta
Vou cantar o meio ambiente
Das águas limpas da sanga
Das aves no verão quente
Um majestoso pé de manga
Canto versos pra essa gente
Com sabor de pitanga
Emitindo um breve assobio
Dentro dessa densa mata
Pois é do meu feitio
Nesse cordel autodidata
Faço um verso macio
Na brisa de uma cascata
Encerro o cordel canção
Sem colocar palavra feia
Sigo tranqüilo sem fixação
Não faço cordel peleia
Mas em compensação
Não falei da lua cheia
Confesso meus amigos
Quero usar palavra chula
Mas sem fazer inimigo
Por isso sem firula
Escrevo “putz” e digo
Um palavrão caçula