Se pararmos para pensar, o que normalmente nos faz acreditar menos ou mais em Deus é a intensidade das nossas crenças nos mecanismos criados pelos homems para que nos comuniquemos com Ele. As religiões, por exemplo, se utilizam de todos os artifícios e se aproveitam dos que mais precisam de apoio para elaborar seus planos de autosuficiência à s custas de generosas contribuições, que costumam ser obtidas a partir de ameaças implicícitas aos fiéis que cairam na rede.
Por isto, acredito muito em Deus e pouco nos sacerdotes e suas igrejas. Sinto-me bem quando, confidentemente, troco algumas palavras com aquele que concebo como Criador e péssimo quando sou assambarcado pelas ruas por aqueles que se acham enviados de Deus, querendo arrancar a minha alma e o meu dinheiro.
Podemos dizer que as igrejas são um bom negócio (templo é dinheiro), pois, quem carece, aplaca o seu desespero e quem tem de sobra, conforta-se. Aqueles que as comandam em nada se diferenciam dos outros seres humanos, somente omitindo algumas atitudes por questão de critérios impostos pela "instituição" a que servem.
Eu encaro a fé como um agente poderosíssimo. Obviamente, existe também a fé de ocasião, exercitada pelos que gostam de fazer especulações.
Confesso que fico impressionado quando vejo devotos pagando promessas. Tais promessas, na verdade, costumam ser desafios à capacidade física de quem a elas se submete.
Notável também como certas pessoas misturam as regras um dia elaboradas pelos organizadores de cada religião. Uma frase do tipo "graças a Deus, ele não me viu beijando a mulher dele" é um exemplo de como um católico (que seja) consegue matar dois coelhos com uma única pancada, pois põe o nome de Deus em vão e ainda cobiça a mulher do próximo.
Pelo menos, dois grandes perfis de religiões e de religiosos podem ser citados: o primeiro é aquele que dá um exagerado valor à s tradições e pune severamente os infiéis (estamos tendo a oportunidade de observar a sua face mais radical nos últimos meses). O segundo, que considero cada vez mais irreverente, é conduzido pela Igreja Católica e por outras igrejas e seitas também obcecadas pela evidência, pelo poder e pelo dinheiro.
E os céticos, como situá-los? Ser cético dizendo-se "ateu graças a Deus" ou agnóstico querendo compartilhar "a chave do conhecimento real" não vale. Dos dois, o ateísmo desperta-me mais a atenção, pois não consigo entender as eventuais almas atéias que cruzam o meu caminho, chegando até mesmo a duvidar se elas existem.