Fechado para balanço
Maria Celia (Maricell)
Fechei para balanço. Reabro ao anoitecer.
Preciso urgente saber de meus ganhos e de minhas perdas.
Fechei para balanço... e a balança balança...
Ora pende para cá, ora para lá...
Peso os sonhos e, de contrapeso, os pesadelos...
Ora pende para cá, ora para lá...
Minha alma oscila entre cinzas e azuis...
Entre tempestades e calmarias
Entre o sorrir e o chorar...
Ora para cá, ora para lá...
Angústias, medo, desenganos, dores...
Sorrisos, alegria, amores...
E me balanço...
Ora para cá, ora para lá...
Busco, em prateleiras do viver, o estoque acumulado.
Reviro gavetas, esvazio armários...
Limpo a poeira, tiro o bolor...
Meço a estrada percorrida...
Tanta ilusão, muita vida...
Desilusão e amor...
Ora para cá, ora para lá...
Perdi os sonhos, não os encontro mais...
Submersos estarão em algum céu, em outro mar
Abandonados num templo, no desvão de uma estrada
De um perdido tempo quando fui feliz...
Procuro....
Que mais há para pesar, para medir, avaliar?
Pesar pesares e, na contradança,
Talvez aferir minha balança
Que ora pende para cá, ora para lá...
E no balanço que agora chega ao fim
Vejo que há tantas perdas, tantos ganhos
Que me alegra e entristece o coração...
Reabrir ou não as portas??
Já não sei...
Na balança da vida me pesei
O tempo passa, eu passei...
E não cheguei a nenhuma conclusão.
M@ricell/ janeiro/2002
|