Primavera é brilho, é luz;
Misto de verde e de flores,
É fantasia suave
Que se reveste de amores...
Madrugadas orvalhadas,
As nuvens de azul pintadas
Qual ovelhas e pastores...
Brincam os ramos nas sebes,
Voa no alto o condor,
Há borboletas em bandos,
Joaninha e beija-flor
Há o canto do bem-te-vi
Lá no alto... Eu bem o vi...
Primavera é puro amor!
Há grutas ensolaradas,
Com pitadas de arrebol;
Vôo da garça dos mares
Na pescagem sem anzol;
Anda solta uma lembrança
Que traz a doce esperança
Quando bate o pôr-do-sol!
Primavera também é:
O brilho da alma infinita
Que reluz no coração,
Como a saudade... é bendita!
É canto, paz e alegria
Gerados na poesia
De uma verdade inaudita...
Alaridos de labuta,
E sentimento infindo;
É canto de brevidade,
Agruras do sonho advindo,
Que no delírio se estende,
Mas que nunca se arrepende
De ter nascido tão lindo!
Rainha das estações,
Magia do menestrel
Que, de coração em flama,
Dedica-lhe este cordel...
Numa súdita poesia,
Pede à brisa a fantasia
E as estrelas do céu!
Baila a alegria nos campos,
Que os ramos verdes agita,
Cantam pedras de riachos
E chora a pombinha aflita
Que do pombo se perdeu...
É assim que me sinto eu:
"Triste menina bonita"...
* Republico este cordel, dedicado à Rainha das Estações, a pedido de um leitor. Eu havia prometido dez estrofes, mas só consegui criar sete...
Minha "asa da inspiração" anda meio quebrada...
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