No dia 20 de agosto de 2004 o Brasil ficou chocado com a agressão e morte de dez moradores de rua de São Paulo. A imprensa cobriu o fato com o máximo de informação possível, a polícia também se empenhou para solução do caso e em pouco tempo divulgou o retrato falado dos suspeitos. Tudo indica que em breve serão presos.
Para quebrar essa triste rotina um Executivo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, disse na Rádio CBN que o IBGE não sabe quantos moradores de rua existem no Brasil e esse levantamento é difícil de fazer pois as pessoas não têm endereço fixo.
Pois bem, essa afirmação deixa claro que os moradores de rua não são apenas pobres, mendigos ou miseráveis, são também Excluídos. Não só de bens materiais; de fato eles não existem para o Brasil. São menos importantes que pés de pau-brasil, certamente o IBAMA sabe quantos pés dessa árvore existem.
São também menos importantes que os pobres. Pobre tem endereço na favela, compra com o dinheiro dos ‘bicos’, tem um político que lhe oferece melhoria de emprego, de educação, saúde e transporte etc. Aliás, s.m.j., embora o Presidente Lula seja de origem humilde, em sua campanha ele não apresentou nenhum projeto para os moradores de rua, nem ele nem seus adversários.
Quando o IBGE divulgar esses dados estará surgindo de fato mais uma camada social, a dos Excluídos. Demograficamente catalogada, saberemos onde vivem, de onde vêem e para onde vão. Então passarão a ser gente que mora no Brasil.
Com estes dados do IBGE tudo leva a crer que nas próximas eleições os candidatos ao Poder Legislativo se voltarão para os Excluídos. E aquele que sair na frente com propostas para estas pessoas, mesmo que não ganhem os votos destes, ganharão a simpatia de boa parte do eleitorado.
A ascensão social do Excluído se dá quando ele passa a ser pobre, pois é quando ele tem um emprego ou bico e já pode comprar. Na pobreza o indivíduo até comemora o aniversário de sua filhinha com um bolo comprado na padaria mais próxima. Quem já viu um grupo de mendigos embaixo de um viaduto reunidos em torno de um bolo de aniversário?
Na época da escravidão o escravo era “protegido” pelo Senhor, mesmo porque era sua mercadoria, e não havia homens e crianças na rua. Nas aldeias indígenas também não existem crianças e homens abandonados.
É melhor ser pobre, do que ser Excluído. Ou, consideradas as devidas proporções, seria melhor ter nascido escravo ou índio?
