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Artigos-->Não é pra qualquer um... -- 01/09/2004 - 23:46 (•¸.♥♥ Céu Arder .•`♥♥¸.•¸.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos









No busca da Usina, na procura de um título meu, para reunir em coletânea, caiu-me uma crônica cuja personagem é, nada mais nada menos que Milene Arder.

Creio que, naquela época, li rapidamente, não dando a devida atenção.

Ah! E vocês “novos da Usina” nem sabem: Milene era sinônimo de “polêmica”. Havia os que até duvidavam de minha existência. Um deles precisou vir até o Rio “ME VER PRA CRER”!

E, tadinho... Saiu daqui tão decepcionado... Creio que pensou que Milene era um “ser ultra-espacial”. E encontrou apenas uma mulher que “existe e vive”.



Mas, vamos ao texto maravilhoso que me trouxe aqui, apesar do avançado horário.













FACA, O tecido adiposo, A groselha e O açúcar.



Aí Usina! Tenho medo de como reagirá ao meu retorno.

Tenho medo na verdade de como reagirei.

Depois de longos invernos, depois de amores mortos eu resto.

Resto na companhia de muitas idéias. De dez dedos elétricos. De um antigo/novo amor para sempre.

Usineiros!

Vou me apresentar de uma forma diferente. Serei vocês nos meus contos. Escreverei a parte que roubei ou que vocês deixaram roubar.

Usineiros!

Apresento a vocês A Faca.

A Faca... Nas minhas redações primarias diria que a faca corta, que pode sangrar um dedo, que pode facilitar a minha vida, mas com certeza diria que mamãe não me deixa chegar perto de uma.

E olha que na minha infância eu não tinha impulso suicida.

Mas irei falar da faca com um sentido “Milenal”. Com um sentido ardido. Com um sentido Nostálgico.



Confesso que quando os escrevo choro.

Confesso que quando escrevo aumento a dose de uísque em meu copo.



A Faca – A Milene Arder



Era Rio de Janeiro e era choro. Não pelas noticias tristes e rotineiras que a televisão repetia. Era choro porque era nostálgico. Era choro porque era uma realidade só dela.

As samambaias a entendiam mais do que o seu companheiro.

Os diários e a letra bem desenhada ela dava de esmola ao tempo, pois este já levara umas das perolas que ela portava de mais sagrado.

No começo tinha para si que tudo aquilo haveria de ser castigo. Mas não entendia porque de tal modo.

Ela daria os dedos para modificar o fim, subiria escadas, bateria tambores e desfilaria no carnaval sem esboçar um sorriso.

Mas não mais adiantava oferecer trocas para o que já teve ponto final e muito menos escrever rodapés.

Era ela, a faca e o coração.

Havia algumas leguminosas para serem picadas até as dezoito horas, mas a Faca insistia em não.

A Faca queria conversa naquele dia, queria um começo. Aproximou-se vagarosamente do peito de Milene, cantou cantigas de ciranda, assinalou um X em um ponto qualquer e recuou.

A Faca estava cheia de ser temperada com as salgadas lagrimas. A Faca estava faminta de carne, de fibras, de testar um corte em um bom tecido e não tempero água e sal. Ela queria matar a fome e Milene queria morrer.

A Faca ofereceu três instantes.

Milene fechou os olhos e viu no primeiro instante sua infância, seus pequenos medos, sua força de heroína e o mundo em seu quintal. Reviu os vários sonhos, os momentos simples e doces.

No segundo instante viu sangue. Mas não era sangue de dor, era vida, era mulher, era mãe e era mãe. Era carinho e força que nunca sonhou em ter tanto. Era mundo que ela podia colocar nas mãos.

O terceiro instante era escuro. Ela não o tinha. Procurava nas portas da sua alma e não o vi. Vasculhava cada pedaço do corpo e não achava o maldito instante que faltava.

A fraqueza a tomou e a Faca sentiu o gosto da carne macia que iria experimentar. A Faca salivava e escondido atrás do batente da porta o terceiro instante olhava calado para Milene Arder que era só somente sangue e poesia.

A Faca por instantes obteve a força e Milene fraca, consegui ver pelo reflexo da faca que o seu terceiro instante era o Miúdo – pessoinha miúda – que com o olhar dava a ela toda a força que poderia pegar do mundo.

A Faca ficou sempre faca. Escrito em letra minúscula. Objeto sem ditar querer.

Milene não ficou. Ela passou e é hoje um arder sempre em chamas.



Kilandra Acalabi












Adorei ser “personagem” desse conto.

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