Usina de Letras
Usina de Letras
51 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62244 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10372)

Erótico (13571)

Frases (50643)

Humor (20033)

Infantil (5441)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140812)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6199)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->São José do Egito: a capital nordestina dos repentistas* -- 30/08/2004 - 19:03 (Lucas Tenório) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
São José do Egito: a capital nordestina dos repentistas*



Durante o ano inteiro, sendo ou não época de festas, o visitante tem uma infinidade de opções para curtir no interior do estado de Pernambuco. São cidades que abrigam importantes parques ou museus; outras com áreas ideais para contatos com a natureza; municípios com estruturas para a prática de esportes radicais; cidades com santuários ou romarias que cativam multidões, além de outros atrativos.



O pe-az vai traçar, aqui, um roteiro completo dessa riqueza histórica, natural e cultural do nosso interior, mostrando periodicamente o que cada uma dessas cidades tem a oferecer. Nossa viagem começa por São José do Egito, a capital nordestina dos repentistas.



Considerada a Capital nordestina da poesia popular, a cidade de São José do Egito, a 402 km do Recife, é parada obrigatória para quem gosta do turismo cultural. Terra de Antônio Marinho (que foi o mais respeitado violeiro-repentista nordestino), dali também saíram artistas do porte dos irmãos Dimas, Otacílio e Lourival Batista (este último consagrou-se como "o rei dos trocadilhos"); Rogaciano Leite; Mário Gomes; Cancão e outros poetas e cantadores do repente. Atualmente, dezenas de poetas dão continuidade a essa arte.



Por sua tradição de celeiro de grandes poetas populares, ainda hoje a cidade é um dos maiores centros de realização de cantorias no Nordeste. Ali, durante a Festa de Reis (primeira semana de janeiro), anualmente acontece um Festival de Cantadores e Poesia Popular. E em todas as festas tradicionais há sempre uma programação com violeiros.



A cidade também conta com uma espécie de museu para os cantadores, a Casa do Poeta, construída em 1997 com recursos do Ministério da Cultura e que tem uma razoável estrutura para realização de festivais.



São José do Egito é o que se pode chamar de um dos municípios sertanejos de médio porte (tem uma população de pouco mais de 30 mil habitantes) e, na cidade, um dos cumprimentos mais comuns entre os moradores está ligado à arte da terra. Ali, não se diz apenas "bom dia", "boa tarde", "olá". Geralmente, o cumprimento vem seguido de outra palavra: "bom dia, poeta", "boa tarde, poeta" e por aí vai. No verão, a cidade tem o clima quente da área de seca do Nordeste, mas no período chuvoso a temperatura pode baixar até 20 ou 15 graus.



Um dos maiores responsáveis pela projeção da cidade como centro da poesia popular do Nordeste foi, sem dúvida, Lourival Batista, repentista imbatível no seu ofício, cuja obra mereceu vários registros fonográficos e análises acadêmicas. Mas, além dessa marcante tradição na arte da cantoria, São José do Egito também tem outras histórias a mostrar. Uma delas está escondida numa velha casa em ruínas, onde o jornalista Assis Chateaubrind aprendeu a ler em jornais velhos, usando a queima de óleo para fazer suas leituras noturnas.



A Capital dos Repentistas também guarda outras importantes lembranças da história brasileira. Na Fazenda São Pedro, por exemplo, está o túmulo de João Dantas, o assassino de João Pessoa, crime ocorrido no centro do Recife e que precipitou os episódios que desencadearam a Revolução de 1930. A fazenda fica a 20 quilômetros do centro da cidade e os atuais proprietários estão instalando ali um hotel-fazenda para dar suporte às atividades recreativas típicas da região como pegadas-de-boi, vaquejadas e outras.



Localizada no Sertão do Alto Pajeú, região onde nasceu o famoso cangaceiro Antônio Silvino, São José do Egito esteve ligada a algumas investidas desses "justiceiros da caatinga", muita delas ainda hoje lembradas por moradores mais antigos. Mas, o forte do município é mesmo o repente, a cantiga de viola. Tanto que, na década de 1970, compositores como Gilberto Gil e outros estiveram por ali pesquisando a arte dos violeiros sertanejos. E foi também ali que a gravadora Marcus Pereira (RJ) colheu grande parte do material para produzir o vol 2. da famosa coleção "Música Popular do Nordeste" (1973). A cidade foi ainda uma das principais fontes de pesquisa para a cineasta Tânia Quaresma produzir o filme "Nordeste, Repente e Canção", também da década de 70.



O município ainda não explora, de forma estruturada, todo esse seu potencial turístico-cultural. Mas, para quem gosta de unir turismo à arte popular ou como fonte de pesquisas, a cidade é uma boa pedida.



Três grandes poetas do passado



Louro do Pajeú



Lourival Batista Patriota, o Louro do Pajeú, era repentista, considerado o "rei do trocadilho". Nasceu em São José do Egito, sertão de Pernambuco, a 06 de janeiro de 1915. Concluiu o curso ginasial em 1933, no Recife, de onde saiu com a viola nas costas, para fazer cantorias.



Foi um dos mais afamados poetas populares do Nordeste e, além da cantoria, a outra única atividade que exerceu foi a de banqueiro de jogo do bicho, mas sem sucesso. Irmão de outros dois repentistas famosos (Dimas e Otacílio Batista) e genro do poeta Antônio Marinho (a "Águia do sertão"), foi um dos grandes parceiros do paraibano Pinto do Monteiro. Satírico e rápido no improviso, era temido por seus competidores.



Certa vez, um repentista que com Louro participava de uma cantoria terminou uma estrofe com os seguintes versos: "Sou igualmente ao dragão/Do Rio Negro falado". Ao que Louro respondeu: "Pra ser dragão tás errado/Mas Lourivá já te explica/Tira letra, apaga letra/Tira letra e metrifica/Tira o "d", apaga o "r"/Bota o "c" e vê como fica". Louro morreu em São José do Egito, a 05 de dezembro de 1992.



Antônio Marinho



Poeta popular, repentista, Antônio Marinho do Nascimento nasceu a 05 de abril de 1887, no município de São José do Egito, sertão de Pernambuco, e morreu na mesma cidade, a 29 de setembro de 1940. Permaneceu praticamente toda a vida com residência fixa em sua terra natal, mas viajou o Nordeste inteiro fazendo cantorias.



A maioria dos seus versos não foram registrados, ficaram na memória do povo. Tinha como características principais as respostas cômicas a seus contedores e espantosa rapidez no improviso. No final da década de 1930, ao retornar de uma viagem, participa de uma cantoria com um antigo parceiro e este indaga como fora a andança.



Antônio Marinho responde: "Eu só fui a Espinharas/Porque a precisão obriga/Mas fui com muita saudade/Daquela nossa cantiga/Minha saudade era tanta..." Neste instante, Marinho foi obrigado a tossir, porque estava com bronquite. Tossiu e concluiu: "...Que a tosse não quer que eu diga." O poeta era conhecido como a "Águia do Sertão".



João Batista de Siqueira



Poeta popular, mais conhecido por Cancão, nasceu em São José do Egito, a 12/05/1912. Em 1950, deixou de participar de cantorias de viola e dedicou-se apenas à poesia escrita. Sua obra já foi classificada pelos críticos como uma versão popular à poesia de poetas românticos como Castro Alves, Fagundes Varela ou Cassimiro de Abreu.



Freqüentou a escola por pouco tempo ("não cheguei ao segundo livro") e foi, também, oficial de Justiça em sua cidade, onde morreu a 05/07/1982. Livros publicados: "Meu Lugarejo", Gráfica Editora Nunes Ltda, Recife, 1978; "Musa Sertaneja" e "Flores do Pajeú". Folhetos de Cordel de sua autoria: "Fenômeno da Noite", "Mundo das Trevas", "Só Deus é Quem Tem Poder".



Dados do município



Histórico



Por volta de 1830, fazendeiros das cabeceiras do Rio Pajeú resolveram estabelecer residência no vale meridional da Serra da Borborema, no ponto de confluência do Riacho São Felipe com aquele rio. Após algum tempo cuidando de suas plantações, construíram ali uma capela dedicada a São José, em torno da qual surgiu a povoação que teve sucessivos nomes: São José, São José das Queimadas, São José da Ingazeira. Desmembrado do território do município de Ingazeira, o município foi criado a 26 de maio de 1877 e instalado a 24 de abril de 1883. O topônimo São José do Egito foi dado pela lei provincial nº 1.516, de 11 de abril de 1881.





Localização: Sertão, microrregião Alto Pajeú, distante 402 km do Recife.

__________________________________________________



*Fonte:

http://www.pe-az.com.br/especial_saojose.htm









Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui