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Teses_Monologos-->Acho que estou deprimido (a)! -- 01/11/2006 - 20:12 (Paulo Marcio Bernardo da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caros Leitores
Raramente costumo editar textos que não são escritos por mim, entretanto gostaria de compartilhar o escrito do Prof. Dr. RaulCastro Miranda, médico psicoterapeuta, pois verifico que é de grande interesse de todos. Espero que seja útil e importante.
Um abraço
Paulo M.Bernardo
01/11/2006

“ACHO QUE ESTOU DEPRIMIDO(A)!”
Raul Castro Miranda
Médico Psicoterapeuta

Muitas pessoas queixam-se atualmente de estarem deprimidas. Nada mais natural, já que vivemos dias difíceis de serem vividos, não é mesmo? Entretanto, se é verdade que a depressão é uma doença muito comum, que acomete pessoas de todas as idades, raças e credos, e que apresenta sintomas para lá de bem conhecidos, isso não significa que todos aqueles que se declarem deprimidos estejam, de fato, doentes, e/ou necessitem de qualquer tipo de tratamento. Esclareço.

Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que apesar de todos os avanços da ciência nessa área – e eles foram muitos – , a mente humana ainda é bem menos conhecida do que todos nós gostaríamos. Por isso, psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, psicoterapeutas, etc. não lidam com a depressão da mesma maneira. Assim, se para uns, ela é um anomalia do corpo, para outros, trata-se de um distúrbio da mente. Se alguns acham que o fundamental é administrar medicamentos, outros afirmam que o imprescindível é fazer terapia. E assim por diante.

Em segundo lugar, é importante lembrar que o fato de existirem palavras diferentes para expressar as diversas emoções não significa que nós sempre façamos uma clara distinção entre elas. Em iorubá (Nigéria), por exemplo, a depressão se expressa através da sentença “o coração está fraco” e a ansiedade se escreve “o coração não consegue descansar”. Em mandarim (China), há uma só palavra para designar ansiedade, tensão e preocupação. Na Malásia, na África e entre os índios americanos, não há palavras para representar a depressão como doença, muito embora existam palavras para representar a tristeza. No Brasil, os índios Kaigang utilizam mudanças no tom e no volume da voz para expressar emoções diferentes. Quantas vezes por trás de um mau humor crônico ou de uma ansiedade intensa não se esconde, na verdade, uma depressão? Como saber se estamos nomeando corretamente aquilo que estamos sentindo?

Em terceiro lugar, é forçoso reconhecer que a natureza humana tem dificuldade de aceitar qualquer coisa onde não esteja presente a vitória, o prazer ou a beleza. Assim, cada vez que o sofrimento bate à nossa porta, tendemos a atribuí-la a alguma injustiça dos deuses – “Por que eu?”, “O que eu fiz para merecer isso?” – e não como parte inseparável do “pacote” que adquirimos quando ingressamos nessa estranha viagem chamada vida. Nessas condições, muitas vezes fica difícil fazer uma avaliação mais isenta sobre o que realmente estamos sentindo.

Finalmente, é bom deixar claro que a sociedade capitalista em que vivemos nos estimula constantemente a acreditar que através do consumo é possível viver sem nenhum tipo de sofrimento. Afinal, se aquele mega-empresário que eu admiro, se aquela modelo que eu ambiciono ser, e se aquele apresentador que não para de rir na tela da TV, declaram nos comerciais de que participam que resolvem todos os seus problemas “consumindo coisas”, eu também, quando estiver deprimido(a), quero resolver o meu problema consumindo um “remédio” que seja indolor, que resolva logo e, de preferência, sem que eu tenha de fazer qualquer esforço. Investigar as causas da depressão? Indagar o que eu posso aprender com ela? Aceitar as minhas limitações? Ah, isso não! Isso é tipo “papo cabeça”, coisa de gente pirada!

Essas são algumas das razões pelas quais nem todos aqueles que se declaram deprimidos estão, de fato, doentes e/ou precisam de qualquer tipo de tratamento. Vejamos agora algumas das diferentes maneiras de se lidar com o distúrbio.

Inicialmente, é preciso admitir que se a vida pode ser repleta de momentos prazerosos e felizes, ela costuma ser igualmente rica em situações onde a dor e a infelicidade estão presentes. Além disso, é importante lembrar que a tristeza não costuma ser causa de nada mas, sim, conseqüência. De fato, habitualmente é preciso que algo aconteça – a perda de um ente querido, o término de um namoro, ter sido despedido do emprego, uma situação traumática escondida no inconsciente, etc. – para que nos sintamos infelizes. Aliás, nessas ocasiões, o normal, o esperado, o saudável, é que nos sintamos entristecidos. O contrário, seria esquisito. Em princípio – e ao contrário do que muitos pensam – na grande maioria desses casos não há porque procurar nenhum tipo de tratamento especializado. É preciso apenas aguardar que a situação que motivou o sofrimento seja “digerida”, ou seja, que a perda seja assumida, que o luto seja vivido, que a antiga presença se transforme numa simples lembrança, etc., para que o sofrimento cesse, e a vida volte ao normal. Se você quiser ajudar alguém que se encontre nessa situação, lembre-se que o importante não é dizer ou fazer algo (freqüentemente esses procedimentos são inúteis) mas apenas colocar-se ao lado da pessoa em questão e ouvi-la com respeito e atenção (se ela quiser ser ouvida, é claro). Se ela chorar, não fique com cara de “ai meu Deus, o que eu faço agora!”, mas apenas permita que chore pelo tempo e da maneira que ela quiser. Tenha a certeza de que agindo assim, você já estará ajudando e muito.
Quando a situação se arrasta por um tempo mais prolongado, e/ou o sofrimento é muito intenso, e/ou começa a comprometer a qualidade de vida da pessoa ( dificuldade em sair da cama, descuidos no asseio pessoal, faltas seguidas ao trabalho, etc. ), aí sim, está na hora de procurar ajuda especializada. Aliás, é bom lembrar que se apatia, sonolência e perda de apetite são sintomas de depressão, agitação, insônia e aumento do apetite também são. Na dúvida, procure ajuda especializada.

Existem três tipos de ajuda possíveis: os profissionais que acreditam que a depressão é conseqüência exclusiva da redução de certas substâncias no cérebro sendo, portanto, apenas uma questão de tomar medicamentos antidepressivos, os que acreditam que ela é conseqüência direta de impasses na estória de vida da pessoa acometida, sendo, portanto, uma questão apenas de fazer terapia, e aqueles que, como eu, acham que tanto a terapia quanto os medicamentos têm, cada um, o seu lugar e a sua hora. Me explico.

Em todos esses anos atendendo pessoas deprimidas pude constatar que, em certos casos, os medicamentos antidepressivos foram determinantes da melhora do sujeito. Em outros, ao contrário, a psicoterapia é que foi fundamental. Em outros, ainda, a combinação de antidepressivos com psicoterapia pareceu ser a mais eficaz. Tudo depende, portanto. De quê? Da intensidade dos sintomas, das características do paciente, da qualidade da relação estabelecida entre o terapeuta e o paciente, etc.

Concluo esse escrito com um comentário do velho Sigmund Freud num texto intitulado “O Mal estar na Civilização” onde, a meu ver, ele aponta a razão fundamental para que haja tanta depressão em nossos dias:

“É impossível fugir a impressão de que as pessoas comumente empregam falsos padrões de avaliação – isto é, de que buscam poder, sucesso e riqueza para elas mesmas e os admiram nos outros, subestimando tudo aquilo que verdadeiramente tem valor na vida”.

E você, que coisas verdadeiramente valoriza na vida?
Cuide-se !
Correspondência:
Rio – Rua Santa Clara 50 / 415,Fone22551481
Petrópolis – Rua Santos Dumont 990,Fone 22372476 julho de 2006
E-mail : rmiranda@compuland.com.br
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