REALIZAÇÕES DO GOVERNO
Filemon F. Martins
Não há explicação ou justificativa para a reclamação do chefe do governo, exigindo da sociedade e da mídia um entusiasmo maior para suas realizações, como informa o colunista Carlos Heitor Cony, no jornal Folha de S. Paulo. O presidente Lula poderá cobrar, é verdade, maiores aplausos dos banqueiros e capitalistas, para quem está trabalhando desde o primeiro dia de governo no Palácio do Planalto.
Não parece normal cobrar dos trabalhadores brasileiros, ou dos servidores públicos que continuam com salários defasados, desde a política nefasta de Fernando Henrique Cardoso. Seria também cinismo cobrar entusiasmo dos que se postam nas filas em busca de um emprego para sustentar suas famílias. Pior ainda seria cobrar dos servidores aposentados que tiveram seus direitos arrancados e salários reduzidos, graças a Emenda Constitucional nº 41, aprovada pelo Congresso Nacional e agora politicamente ratificada pelo Supremo Tribunal Federal.
Ufana-se o chefe de governo de ter feito inúmeras realizações, que só aparecem na propaganda do PT, elaborada pelo publicitário Duda Mendonça. De concreto, o que se sabe é que o PT criticava as viagens desnecessárias de FHC, enquanto hoje Lula viaja pelo mundo sem nenhum constrangimento. Continua irredutível na não correção da tabela do Imposto de Renda, encampou a manutenção e aumento da CPMF, taxou inativos e aumentou a carga tributária, de tal ordem que a Receita Federal nunca arrecadou tanto.
É preciso que alguém nos mostre as maravilhas e realizações que o governo diz ter feito, a fim de que a sociedade possa comemorar e aplaudir. Por enquanto, temos que aplaudir as viagens internacionais que o presidente tem feito, inclusive ao Gabão, cujo governante está no poder há 37 anos. Aplausos também ao Programa Fome Zero, que deu prestígio ao presidente pelos quatro cantos do Mundo, enquanto no Brasil, os resultados são pífios. Ao projeto que cria o Conselho Federal de Jornalismo, (assim algumas verdades não poderão vir à tona). À medida provisória que promove o presidente do Banco Central a ministro de Estado, no momento em que é investigado pela Comissão de Ética Pública sobre sonegação e evasão de divisas.
O Partido dos Trabalhadores é protagonista de muitas façanhas, entre outras, abafar e não permitir a criação de CPIs e pretende, através de Reforma, flexibilizar ainda mais os direitos trabalhistas, já iniciados na gestão de FHC, sob o argumento de aumentar postos de trabalhos, deixando desprotegidos todos os trabalhadores, quando deveria diminuir a carga de impostos e aumentar a fiscalização, fazendo um cerco aos sonegadores e devedores do INSS, alguns, como já é sabido, dentro do próprio governo.
Diante de tantas e benéficas realizações em prol de banqueiros e do capital financeiro, só resta ao cidadão e eleitor, como acontece nestas eleições municipais, ficar desapontado, desiludido, inconformado e indignado por ter servido de massa de manobra em mãos de partidos e políticos medíocres. Por perceber que foi usado, como no texto de Machado de Assis, “como agulha para tanta linha ordinária”.
filemon.martins@uol.com.br
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