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Contos-->E das rosas ficou o perfume -- 14/01/2002 - 12:43 (weder soares dos santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Como esquecer os gestos mais puros, que desafiam a distância, perpetuando momentos, zelando de forma definida os toques que pulsam dentro de nossos corações.
Alfredo sabia resguardar esse pulsar, uma pessoa modesta, reservada dentro de seus dezesseis anos, olhar sisudo, mais de um humor magnífico... Sabia cativar com gestos e defeitos todos aqueles que o cercavam.
Sempre buscando algo diferente, adorava estar entre os livros, textos e artigos que lhe oferecessem o máximo de informações possíveis, às vezes era taxado de chato por carregar esse gosto privilegiado.
Certa vez não me recorda a data, apenas navega em minha memória mês e ano, era setembro, pois já despontava com grande colorido belíssima primavera, aquecendo de perfume os vastos dias ensolarados de 1986. Como esquecer aquele formidável ano, as lembranças fervilham como gotas descompassadas da chuva trazendo ao presente formas vivas e radiantes. Alfredo entregava-se aos seus estudos sem dar tempo para os momentos de lazer, os quais eram verdadeiras minas de diversões, ele sempre procurava uma boa desculpa para se desvencilhar das algazarras armadas pela turma do colégio Liceu de Goiânia. Quanta saudade daqueles momentos inesquecíveis, às vezes penso que a felicidade é movida pelas águas dessas memórias inconfundíveis.
Nesse dia chegamos bem cedo ao colégio, programamos organizar uma surpresa ao amigo Alfredo, não se tratava de nenhuma data importante, era apenas vontade de lhe proporcionar alguns momentos divertidos, livres da tarefa incessante “estudar”. Reuni-me com mais alguns colegas e juntamos alguns trocados, resolvemos logo o que comprar, aquele seria um dia diferente para Alfredo. Seria necessário apenas um voluntário para entregar as rosas a jovem e bela Flora. Quem seria o voluntário? Foi ai que nasceu uma daquelas idéias brilhantes, que somente os gênios e prodígios seriam capazes de te-las.
_ Quem?
Perguntou Almeida tirando o corpo fora.
_ Ora meu caro! Quem mais poderia ser!
_ O nosso voluntário será o Alfredo!
_ Mais como?
_ Ele não precisa saber o motivo das rosas.
_ Alias existe um motivo para as rosas?
Pergunta Almeida meio confuso,
_ Meu amigo o divertido está justamente ai! Não existir um motivo concreto para as rosas.
_ Você acha que vai dar certo?
_ Certo! ainda não sei! Mais se quiser você pode entregar!
_ Ficou maluco? Eu! Nem morto!
_ Então o plano é esse! E seja o que Deus quiser.
Tratamos logo de encomendar as rosas, colocando assim em prática o plano tão bem elaborado por mentes adolescentes.
Flora era uma jovem de 16 anos, olhos e cabelos castanhos, que debruçava leveza sobre os ombros... Porque ela? Em meio a tantas garotas do Liceu, não sei! Até hoje me pergunto, e nada de encontrar respostas, apenas me veio à imagem de Flora naquele momento... Eu quase não a conhecia, pouquíssimas vezes falamos, seria ela sim! Parte de nosso plano infalível.
Como combinado Alfredo foi interceptado ainda a caminho da escola, nas proximidades da Av: Araguaia.
_ Alfredo!
_ Tudo bem Almeida?_ Ele não desconfiava de nada.
_ Você me faria um favor Alfredo?
_ Claro meu amigo! O que você quer?
_ Sabe a Flora aquela menina do 3º B?
_ Sim! O que tem a Flora? _ Pergunta ele curioso.
_ Você entregaria algumas rosas para ela?
_ Rosas! Eu? _ E porque eu?
_ Ora Alfredo! É só umas rosinhas inofensivas!
_ Se são inofensivas então entregue você!
_ Alfredo você sabe que não tenho boa fama com as garotas, e para dizer-lhe a verdade eu nem conheço a Flora.
_ Então Almeida! Pergunto-lhe novamente, e as rosas?
_ É apenas uma maneira de dizer a ela que queremos ser bons amigos.
_ Essa história está muito mal contada, mais tudo bem vá lá! Cadê as rosas? _ Eu sabia que você entregaria! Espere aqui que já volto! _ Almeida corre até a floricultura e busca o ramalhete que já havia encomendado.
_ Aqui está Alfredo! E boa sorte!
Alfredo ainda se perguntava o que estava fazendo? Suas pernas tremiam tanto que era possível ouvi-las à distância, quando entrou pelo pátio deu de cara com Flora ai sim, suas pernas tremiam, um suor frio percorria todo seu corpo, tentava falar, mas as palavras fugiam.
_ Você é Flora? _ Sim! Por que?
_ Essas rosas são para você!
_ Pra mim? _ São lindas!
Alfredo em um instante de pura contemplação olha Flora bem dentro dos olhos, sentindo algo pulsar lá dentro, como se uma chama lhe queimasse as entranhas, era impossível não perceber sua palidez diante de Flora.
_ Você está bem?
_ Sim eu estou bem! _ Espero que as rosas tenham lhe agradado?
_ Claro eu amei! Adoro rosas vermelhas!
_ Mas qual o motivo de dar-me essas rosas?
Ele buscava palavras, mas não as encontrava em lugar nenhum, como sair dessa? Dizer o que? E as rosas? E aquele olhar maravilhoso? Cheio de belezas infinitas... Alfredo estava preso, totalmente perdido em um laço desconhecido, como contornar aquele sentimento, que dava voltas e mais voltas em sua cabeça? Alfredo não se dava conta de que estava totalmente apaixonado por Flora, aquelas rosas, aquela brincadeira elaborada por adolescentes fanfarrões levará ao coração de Alfredo o mais belo de todos os sentimentos o amor.
_ Como é mesmo seu nome?
_ Chamo-me Alfredo!
_ Não me disse o motivo?
_ Motivo? Que motivo?
_ As rosas lembra-se?
_ Há sim as rosas! _ Bem as rosas!
_ São vermelhas!
_ Engraçadinho! _ Tudo bem! _ Obrigado por elas, realmente são lindas!
Flora vira-se e desce o pátio toda feliz, sem entender o motivo pelo qual receberá as rosas, pouco importava sentia-se leve como se os pés pudessem deixar por alguns instantes o chão... Alfredo não hesita, à acompanha, suas pernas já não tremiam, e todo aquele suor já havia evaporado... Ele arrisca.
_ O que vai fazer sábado à noite?
_ Ainda não sei! _ Por que?
_ Quer ir ao cinema comigo?
_ Eu adoraria!
_ Verdade?
_ Claro!
_ Combinado então! Eu te pego às oito horas.
_ Tudo bem anote meu endereço!
Eu não entendia nada, simplesmente não entendia! Era apenas uma brincadeira, para afastar Alfredo do cotidiano disciplinar, e ali estava ele agora apaixonado por Flora, com apenas alguns olhares e um ramalhete de rosas vermelhas... Até hoje após todos esses anos, tento encontrar em meio às perdidas lembranças algo que tenha acontecido assim de uma maneira tão natural e pura... E sem respostas vejo a beleza que ficou presente, transformando versos em raízes fortes e possíveis... Da velha turma grandes recordações, alguns partiram, outros se mudaram para o exterior, Almeida se tornou um Juiz de direito mora hoje no Rio, Alfredo bem! Alfredo é um excelente medico, continua aquele chato de sempre, porém amigo verdadeiro em qualquer situação... Domingo irei almoçar na casa deles rever Flora e abraçar minha querida afilhada Isabelle.








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