Toninho - Caio de mim, muito para baixo de mim, logo que se me depara a inteligência a menosprezar-se inconscientemente defronte si própria, pretendendo humilhar aquém do solo a criança de outrem, que nasce agora, ao mesmo tempo que faz festinhas ao seu menino, o menino de ouro, esse pedacinho de merda sexual que nasce e morre todos os dias, desde logo sepultado na trampa das mesmas ideias, subordinado ao milenar sistema bíblico dos predadores de todos os messias.
Tadeu - Toninho, Toninho, estás completamente enganado. Raciocina e constata que os grandes portugueses nunca trataram os seus vindouros assim...
Toninho - Caio de mim e de imediato subo para a montanha do pensamento, enquanto existo e me interrogo sobre o porquê de fazer parte de uma tão grande merda assim, chafurdando em semelhante esgoto e, se acaso deveras me quiser limpar, ter tão-só de optar pela limpeza definitiva: limpo ou me limpo...
Tadeu - Que pena, que pena ver um amigo a enlouquecer. Que hei-de fazer?
Toninho - Ah... Ah... Ah...
António Torre da Guia
|