O PRIMEIRO ACERTO DE CONTAS
Filemon F. Martins
Nada mais salutar que uma eleição, mesmo municipal, para propiciar aos eleitores a oportunidade de fazer nova avaliação da efetiva atuação de prefeitos e vereadores do Brasil. Os eleitores terão a chance de fazer o primeiro ajuste de contas, após 4 (quatro) anos de mandato dos eleitos. É tempo de averiguar se houve erros, promessas não cumpridas, desvios de caráter, trocas de partidos visando vantagens pessoais e má administração do dinheiro público.
É necessário que os eleitores estejam conscientes de que dispõem de uma única arma: o voto. É chegado o momento de saber usar (e bem) o voto. Votando bem, os maus candidatos a reeleição serão barrados e servirão de exemplo para outros que pretendam trilhar o mesmo caminho e fazem da política, a arte de enganar.
Não se pode, evidentemente, generalizar, mas o Brasil, como um todo, está precisando de bons políticos e bons administradores. A má administração dos recursos públicos, o descaso, a incompetência, o tanto faz na esfera Municipal, Estadual e Federal têm levado os eleitores a experimentarem um incômodo desencanto no que diz respeito às eleições. Para o Ministro Sepúlveda Pertence, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, dia 16/08/04: “ a lentidão nas mudanças prometidas desde a onda democrática de 80 frustra eleitorado. Os governos têm sido incapazes de enfrentar os mais graves problemas e realizar as mínimas expectativas da sociedade.”
De fato, o desalento é geral, não há entusiasmo, porque os eleitores têm percebido que as eleições, não obstante seu valor para a democracia, não mudam nada, apenas oferece mais oportunidades para este ou aquele grupo que vence o pleito. Por outro lado, a fiscalização do dinheiro público nos municípios, especialmente em cidades menores é praticamente nula, a impunidade, com o aval do poder econômico e político acaba ofuscando a atuação da Justiça, que tem sérias dificuldades em fazer valer os princípios elementares da Justiça e do Direito, e quando o faz, não consegue reaver o que foi desviado para “paraísos fiscais” no exterior.
É preciso que os eleitores observem os candidatos, partidos, alianças e também quem está os apoiando. Em política não vale muito, mas é interessante lembrar do antigo ditado: “Dize-me com quem andas e eu direi quem tu és.” Se o apoio provém de senador, deputado estadual, federal, vendedor de ilusão e faltoso, adepto da “lei do Gerson” é bom ficar esperto. Pode ser “cobra do mesmo ninho”.
De qualquer forma, a importância da eleição municipal para o cidadão comum é exatamente esta: a possibilidade que os eleitores têm de dizer não. Não aos políticos corruptos. Não aos políticos cínicos e interesseiros. Não aos políticos que prometem e não cumprem. Não aos políticos caras-de-pau, oportunistas e aventureiros, que, infelizmente, a Justiça Eleitoral não consegue dizer não.
Que os eleitores das cidades brasileiras tenham discernimento e sejam capazes de dizer não aos maus políticos, que pretendem se enriquecer ilicitamente, às custas da miséria e do sofrimento do povo brasileiro.
filemon.martins@uol.com.br
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