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Infantil-->A BRIGA DO JACARÉ X A TARTARUGA -- 15/09/2006 - 23:23 (Délcio Vieira Salomon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A BRIGA DO JACARÉ X A TARTARUGA

A briga do Jacaré Galo contra a Tartaruga Lambreta


- para o Ian, meu neto

Délcio Vieira Salomon




Era uma vez uma tartaruga que cismou de ter roda.

Sofria muito por ser chamada de mole, lenta e pachorrenta. Até de lesma foi chamada.

Um dia resolveu mudar sua vida.

Apesar de ser torcedora do América, foi à oficina do Jacaré Galo. Ele era assim chamado porque era um fanático torcedor do Atlético Mineiro. Pediu a ele colocar rodas debaixo de seu casco.

- Mas que loucura é essa, Dona Tartaruga?

- Ah! Seu Jacaré, já não suporto ser chamada de molenga e de lesma. Por ser lerda, todos se aproveitam de mim e sempre me passam para trás. Todas nós tartarugas crescidas devemos agradecer a Deus, ter tido sorte de estarmos vivas. A maioria morre logo ao nascer, porque os outros bichos, inclusive os jacarés nos comem, pois não dá tempo de corrermos ou para o mar, ou para a lagoa, ou para o rio ou mesmo para debaixo das pedras para nos escondermos...

- É mesmo, dona Tartaruga. Eu sei como é. A senhora me convenceu. Vou fazer uma belo serviço para a senhora.

O Jacaré Galo virou a Tartaruga de casco pr’o ar. Parafusou quatro rodinhas uma em cada canto do forte e duro casco.

A Tartaruga agradeceu e foi embora, deslizando pela rua abaixo. Estava toda satisfeita. Corria feito uma campeã de Fórmula 1.. Olhava para todos os bichos para ver quem ousava chamá-la de lesma.

Todo mundo estava pasmo de ver pela primeira vez na vida uma tartaruga tão ligeira.

E assim o tempo passou e ninguém mais teve coragem de chamar a Tartaruga de molenga, de lerda ou mesmo de lesma, nem de preguiçosa....

Todos agora a chamavam de Tartaruga Lambreta, de tão veloz que corria.

Até que um belo dia passou de novo em frente à oficina do Jacaré Galo.

Este quando a viu toda imponente e parecendo não lhe dar confiança, correu para pará-la. Fez sinal com as patas e com a grande cauda. Não adiantou nada.

Então o Jacaré Galo resolveu colocar na rua um enorme tronco de árvore e ficou encostado do outro lado do tronco, aguardando a Tartaruga voltar de seu passeio.

Não demorou muito lá estava de volta toda metida a corredora.

Ela não viu o tronco de árvore e acabou trombando nele com toda a força em que vinha deslizando. Rodopiou de cambalhota no ar e caiu de casco virado, com as rodinhas para cima.

O Jacaré Galo teve vontade de deixar a tartaruga Lambreta ali parada, de rodas para cima, ainda a girar. Ela bem que merecia uma lição. Seu coração, porém, era mole. Teve dó da tartaruga e a desvirou. Mal a viu em cima das rodas, foi logo falando:

- Dona Tartaruga, cadê meu dinheiro ? Você não me pagou pelo serviço que lhe fiz!...

- Ora, seu Jacaré Galo, você acha que eu Tartaruga Americana, que virou agora Tartaruga Lambreta lhe devo alguma coisa? Foi você que me fez correr quando eu me arrastava, ir onde eu não ia, chegar aonde nunca cheguei ... Concordo com tudo isso. Mas me diga uma coisa: - de quem foi a idéia?

- Foi sua, disse o Jacaré Galo.

- Então, de quem são os direitos autorais? São meus, não são?

- Isso eu não admito. O trabalho quem fez fui eu. Ninguém neste país pode trabalhar de graça. A escravidão já foi abolida.

- Você quer saber duma coisa. Se você acha que tem algum direito de receber pagamento pelo seu serviço, então recorra à Justiça. Ali na esquina tem um escritório dum advogado trabalhista. É do macaco Simão. Eu vou me defender com meu advogado especialista em direitos autorais. É a Raposa cruzeirense Dra. Vivaldina.

Os dias passaram. O Jacaré Galo entrou na Justiça.

Mas como esta é também lerda e administrada por tartarugas juizes, até hoje não saiu a sentença. O Jacaré Galo acha que tem razão e direito de receber o seu salário. A Tartaruga Lambreta defende o direito de autoria da idéia. Por mais esperta que seja a raposa, Dra. Vivaldina, advogada da Tartaruga Lambreta e por mais valente que seja o Jacaré Galo, ninguém consegue fazer funcionar a Justiça.

O Jacaré Galo até pensou em colocar roda nos Juizes Tartarugas, para ver se andam mais ligeiro, mas aí surgiu nele o medo de a Tartaruga Lambreta processá-lo por roubar a idéia que é dela.

Seria mais uma ação a retardar a justiça.

Quando os animais se reuniram para comemorar o Dia da Ecologia, o caso acima foi levado a público na praça principal de Verdolândia.

Estava em cima do galho de uma árvore o bicho preguiça. Terminada a história ele pausadamente, pesando sílaba por sílaba de cada palavra que dizia, sentenciou:

- Bem feito pr’os dois. Quem mandou se juntarem p’ra contrariar a Natureza. Cada um deve ficar contente com sua sorte.
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