Li um cordel quadrado
Até achei sem efeito
Prefiro de qualquer jeito
Redondo fino embolado
Desde que seja trovado
Pelo cantor popular
Que vem nos ensinar
Uma rima que é amiga
Trazendo canções antigas
Nessa arte de cordelar
Não devemos ter medo
De uma palavra feia
Pois nessa bela aldeia
Não existe muito segredo
Nem espaço ao azedo
Quem não tem preconceito
Formula outro conceito
O pensamento engrandece
E todo mundo esquece
Qualquer cordel malfeito
Para provocar o amigo
Insiro uma palavra chula
Como coice de mula
Uma espécie de castigo
Por isso eu fustigo
E toco rima na bosta
E digo em resposta
Fedorenta e esverdeada
Merda da madrugada
Que não está decomposta
A expressão da liberdade
Também na literatura
Com estilo modo e figura
E sem a mão da maldade
Tão grande a finalidade
Dessa trova rotineira
Jorrando como cachoeira
No palco dessa usina
Que sempre nos ensina
Essa arte brasileira