Do que o Ser vê de realidade, poesia faz.
E seu banheiro é o espaço canonizado, o vaso receptor dos perfumes sagrados.
Ali nascem verbos de banho, ais de sais, desejos fremes de cremes. E odores de vida espantam-se, meio a vapores e aromas.
No verão, calores apaziguados entre indíziveis, quase, perfumes.
No inverno, bolhas fitoterápicas. De gênios que escapam de garrafas detentoras de mágicas. Líquidas. Infindas. Também quase.
As paredes sorriem, ante respingos corados. Pois, que toda parede é pudica. Ainda mais as dos banheiros das moças. Discretos pilares que abraçam formas coloridas.
Aqui, quando o corpo se entrega ao líquido incolor, inodoro e sem sabor, a alma desperta suas asas etéricas. E desliza nas vãs sinuosidades dos tabletes escorregadios. Ás vezes, circulares.
Você sabe que gosto tem um sabonete de flor? De estações e impetuosidades. Vazam mais que primaveras nestes vermelhos-chocolates-azuis-lilases-rosáceos.
E as fronteiras lavam-se de ares de paz na dança suave desses interlúdios castos. De cores. E abraçam-se nessa fusão. De cheiros.
E o templo de banhos, em sua umidade eflúvia, fecha os olhos e geme, convidando espumas glicerinadas a relaxar detrás de cortinas e espaços reservados.
A mente do Ser, sonha. Agora, habita espaço inabitado.
As mãos buscam frascos de alabastro que beijam divisórias embaçadas.
E enquanto se reserva ao direito do sonho,do outro lado da cidade, quase ali onde nos escondemos no aconchego portuário de nossas casas recatadas, um artesão molda massas.
Espírito dedicado, na fabricação de sensações várias. Tenta trazer o céu para a terra onde moramos. E consegue.
Mas, isso, só comprovamos, quando aos encantos dos sabonetes, nos damos.
Você vê agora com que sonho? Com o Ser e com as possibilidades.
Por isso, sempre é hora de relaxar dos trâmites da vida, meu caro.
LLima
(Sob a inspiração de Hoddie)
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