Manoel foi ao médico
Pra próstata examinar
Tava nervoso demais
Nem podia imaginar
Tinha um baita medo
Não tinha visto o dedo
De quem ia lhe enfiar.
Lá ninguém era afoito
O Homem se disfarçava
Um não olhava o outro
Nem se cumprimentava
Parecia um matadouro
Ninguém ali era touro
mas uma dedada levava.
Tinha nêgo escondido
Se cobrindo com jornal
Pra não ser reconhecido
Naquele exame anormal
Só porque ia ficar nu
E levar um dedo no cu
Achava muito imoral.
Na vez do seô Manoel
Com medo ele entrou
Olhando desconfiado
Nervoso a roupa tirou
Ficou numa posição
De envergonhar o cão
Na frente de um doutor.
O médico examinava
Tinha muita maestria
Com o dedo apalpava
Manoel sempre sorria
A coisa não era ruim
Metendo o dedo assim
Ele até que agradecia.
O som de um telefone
Naquela sala ecoou
Do médico o celular
Que de repente tocou
A mulher dele ligava
E muito brava estava
Porque ele lhe chifrou
Uma mão em Manoel
C`a outra ele atendeu
A mulher tava brigando
O médico se enfureceu
Muito ele gesticulava
As duas mãos oscilava
De Manoel esqueceu.
Fazia movimentação
Com muita intensidade
Usando as duas mãos
Sem perder a atividade
Manoel só delirava
E o médico não parava
Aquela ferocidade.
Ao Desligar se lembrou
Do dedo no paciente,
Pensava que estava mal
Num engano aparente
O doutor se alegrou
Só depois é que notou
Que ele estava contente.
Estava feliz da vida
Com aquele carinho
Manoel só suspirava
Ele até fez charminho
Com olho de peixe morto
Disse olhando no rosto:
- Doutor me da um beijinho.
