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Cronicas-->EU CHOREI -- 02/04/2000 - 21:27 (Leon Frejda Szklarowsky) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
EU CHOREI

Leon Frejda Szklarowsky.:
Escritor, jornalista, advogado, juiz arbitral

Eu chorei, quando me vi a ponto de não mais poder falar em público, porque fui dominado, de repente, pela bravia orquestra de cigarras, em meus ouvidos, que me rendeu uma crónica premiada, a orquestra das cigarras, mas felizmente superei o dramático momento.
Eu chorei, quando ouvi, de meu querido cunhado e amigo, que seu genro fora sequestrado e martirizado, por vàndalos, que sequer merecem ser considerados seres humanos, mas que me rendeu uma crónica dialogada, o sequestro, contada para crianças, para que aprendam a bem querer e não mal querer.
Eu chorei, quando li e ouvi histórias sobre a invasão da Chechênia, que não me rendeu nenhuma crónica, senão farta tristeza.
Eu chorei, quando li e ouvi narrativas, sobre o triste momento, por que passam os europeus, com as guerras intestinas de limpeza étnica, que também não me rendeu nenhuma crónica, senão um sentimento de profundo pesar.
Eu chorei, quando vi as fotos de crianças esquálidas da África, gritando, chorando e morrendo à míngua, que não me rendeu nenhuma crónica, mas muito remorso e mágoa, por nada poder fazer, a não ser lamentar, apenas lamentar ou talvez orar para que isto não aconteça.
Eu chorei, quando li que crianças de cortiços, de favelas, de bairros pobres, de cidades miseráveis, de casas paupérrimas, de moradores de rua, em nosso Brasil dos quinhentos anos, em nossa terra varonil, verdejante, rica quem sabe, morrem de fome, de doenças e de que mais não sei, que não me rendeu nenhuma crónica, mas uma dor intensa no coração e na alma.
Eu chorei, quando li o relato do Márcio Cotrim, a mala que apita, que não me rendeu nenhuma crónica, mas sim um revolta imensa, de fazer latejar o mais duro coração, pela tragédia do Morro de Santa Teresa, ao ver o pai, sem nada poder fazer, a maldade e insanidade, no seu mais elevado grau, antes de ser, fria e barbaramente, assassinado, na frente de toda a sua família, pelos seus algozes que antes estupraram duas donzelas ( quem sabe se suas filhas, sobrinhas, netas - não importa qual o parentesco! ), que não me rendeu nenhuma crónica, senão este dramático apelo a todos, a todos, a todos, para que façam alguma coisa, tirem as crianças da rua, dêem-lhes comer, dêem-lhes um pouco de escola, um pouco de saúde, que não têm, um pouco de esperança, que nunca tiveram, um pouco de piedade, um pouco de saudade dos bons tempos que nunca sentiram, um pouco de tudo que todos temos e eles não têm!
Eu chorei, quando percebi que, sozinho, nada poso fazer, mas me alegrei, ao lembrar-me, subitamente, que todos juntos podemos fazer, cada qual, a seu modo, uma criança sorrir, viver os bons momentos, porque não foi esquecida.
Eu não chorei mais, quando o Márcio contou que o chefe dos criminosos foi levado ao hospital, agonizante, onde um dos médicos, filho daquele que fora brutalmente assassinado, e presenciara a infernal agonia das duas moças e da família, deparara com o satànico e brutal assassino que viria a morrer clamando, por piedade ( que piedade, meu Deus?) e teve a justiça, que merece, decretada, pelo Altíssimo.
Eu não chorei mais, quando percebi que não estou sozinho, porque há tantos bons que podem ajudar e, creiam, reverter a miserável vida desses seres que, um dia, neste novo século que se avizinha, suceder-nos-ão e dirão: valeu a pena esperar, para serem felizes e não serem as vítimas ou os autores de tão macabro acontecimento.
Eu não chorei mais, quando me recordei que o Papa João Paulo II, na Terra Santa, fora recebido por judeus, cristãos e muçulmanos, e clamava pela harmonia entre os seres humanos e, certamente, por todas as crianças deste mundo, paradoxalmente, solitário.
Eu não chorei mais, quando me dei conta de que este mundo ainda pode ser consertado por todos que acreditam que o homem tem uma missão a cumprir na Terra. E quantos não há!





BSB DF 02/04/2000 21:08:15
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