Sou na verdade muito mais que o espaço entre o riso do meu pai e o choro da minha mãe...
Mas dentro deste espaço está claro que passei muito do tempo em que os sonhos não despertaram ainda para a realidade, e que o desabrochar do dia é uma incerta aurora...
Posso dizer que passei também daquele momento em que o firmar dos pés é um trôpego caminhar, e que a descoberta do amor é uma promessa e uma negação...
Mas julgo que estou ainda muito longe do tempo em que a vida é uma derrota consumada, e onde as alegrias só possam ser vividas como recordações do passado...
E esse brilho no meu rosto é mais que o espaço que separa duas noites... Porque o facho que seguro nas mãos há de brilhar ainda que a noite queira engolir o meu dia...
Sou mais que os espaço entre os gestos de dois tempos...