A mim, nenhum confim de mundo delimita meus passos.
Pois somente me cercam as mãos daquele que me talhou, e aqui me colocou.
Ele não me deu lugar próprio, nem característica que faça diferença além do meu ato...
E vivo, ou melhor, morro nessa luta que travo por milênios a fio, tentando conquistar espaço que possa chamar de meu...
E, estou neste mundo tentando contemplar a sua beleza, mas tenho esses olhos, embaciados pelo cansaço de ser quem sou...
Sou eu quem surgiu da terra, e a quem não coube outra dor a não ser terra...
E não sou celeste nem terreno, mortal, ou imortal...
O espelho não reflete meu rosto... por isso, não posso ser pintor ou escultor, que reproduza pela arte, o meu horrendo auto-retrato...
E, do melhor diálogo que tive, só tenho na lembrança, uma palavra:
Adão!...
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Adelmario Sampaio
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