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Artigos-->A Grandeza do Elefante -- 31/07/2004 - 11:32 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A GRANDEZA DO ELEFANTE

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Outrora, jovem e valente, ele era o líder do seu grupo. Da sua família. Andava à frente de todos. Mostrando os caminhos e defendendo-os dos predadores.



Responsável e precavido, cuidava, ao mesmo tempo, de preparar o seu sucessor, para quando chegasse a hora.



E assim aconteceu. O jovem elefante, aos poucos, se deu conta de que não tinha a mesma agilidade de antes. Suas forças começavam a faltar. Sua visão estava turva; bastante embaçada. Já não podia, portanto, andar à frente do grupo; guiá-lo, com segurança; E foi cedendo lugar ao seu antecessor; repassando toda a experiência acumulada.



Até que sentiu que a sua hora estava muito próxima. E não podia atrapalhar a jornada dos seus entes queridos. Sua família precisava ir em frente. Em busca de novos caminhos. À procura de água e do alimento; necessários para cuidar dos netos e bisnetos. E, assim, perpetuar a espécie.



E o velho elefante optou, instintivamente, pela estratégia da dignidade. Passou a diminuir o ritmo de suas atividades, à medida que ia envelhecendo. Até que todo o grupo, sem se dar conta, continuava o trajeto, desta feita à sua frente. E o velho elefante, do modo como desejou, procurou uma árvore frondosa para servir-lhe de última guarida. E, ao seu pé deitou-se, com suas lembranças. E ali morreu. Sem dar trabalho aos que ficaram. Sem a dor do abandono. Certo do dever cumprido.



Assim é a lei da natureza. Todos, mais cedo ou mais tarde, envelhecemos. E morreremos. Mas parece que os animais, ditos irracionais, continuam a dar lições para nós, os seres humanos.



Principalmente para os que acham que somos seres superiores; que pensamos; que possuímos a razão e o dom de praticar o amor; que sabemos o que seria necessário para o nosso bem e o de nossos semelhantes.



Infelizmente, as coisas, no mundo racional, são bem mais complicadas. Matamos uns aos outros por motivos fúteis; por inveja; por interesses de ordem material. E até por amor, dizem, se mata.



Não é por outra razão que quando envelhecemos, diferentemente do elefante, não temos o direito de escolher como e onde esperar pela morte.



Geralmente, nossos familiares, que ajudamos a crescer, defendendo-os com unhas e dentes; que os alimentamos com o suor de nosso trabalho; que indicamos os caminhos, e que, sobretudo, amamos, começam a sentir o desconforto que lhes causamos, e a impaciência por conta de nosso natural envelhecimento.



Seja porque andamos devagar, atrapalhando o ritmo da casa; seja porque esquecemos das coisas que nos dizem, e as repetimos, tantas vezes, em questões de segundos, provocando gestos de intolerância de quem, outrora, foram acalentados em nossos braços; tantas madrugadas frias dedicadas aos filhos, aos netos....que, aos gritos de choros diversos, de fome ou mesmo quando a febre, a tosse, ou outro mal qualquer, faziam-se presente naquele ser indefeso.



Esse tema ganhou relevância a partir da Campanha da Fraternidade, lançada pelo Vaticano, e ganhou espaço na novela “Mulheres Apaixonadas”, onde um casal de idosos sofria agressões de seus familiares.



Mas na vida real, a coisa se repete com freqüência. Os idosos têm sido vítimas constantes de maus-tratos. E a solução, quase sempre encontrada pelos familiares, é “deixar” os velhinhos no asilo. Ainda que sem sua concordância. Ali, para muitos, eles são abandonados. Retos de carne estragada, de sobra de comida e de trapos de roupas velhas, que se jogam fora; depois de usados e abusados.



Nos asilos, eles formam um novo grupo. O grupo dos que sentem a dor da ausência e do abandono. Abandono que chega a causar danos à saúde. Apressando o fim de uma história de boas lembranças, e que não deveria acabar deste jeito, não fosse o egoísmo e a indiferença de algumas pessoas.



Felizmente, já existem algumas ações para coibir ou diminuir estas agressões. As delegacias regionais e a Promotoria de Defesa do Idoso e Deficiente Físico, estão atuando com real eficácia nestes casos.



E a boa notícia foi a aprovação, na Câmara dos Deputados, do Estatuto do Idoso, que por lá tramitava desde 1997.



O projeto classifica como crime todas as agressões que vierem a ser cometidas contra os idosos. Sem necessidade, inclusive, de denúncia da vítima, para que se instale o processo criminal. Enfim, uma boa notícia. A despeito de que, a questão, tudo indica, é de ordem mais de educação e cultura do que, propriamente, de determinação legal.



Que o digam os aposentados, que vivem sendo perseguidos pelo próprio governo que homologou a legislação destinada a lhes dar proteção; que o digam os jovens que andam de ônibus, sentados e alegres, enquanto os idosos cambaleiam pra lá e pra cá, com as curvas dos nossos transportes coletivos; que o digam as filas intermináveis do INSS, que parecem que estão fazendo um imenso favor aos velhinhos, ao lhes concederem os parcos benefícios a que têm direito. Feflizes são os elefantes!.....

31 de julho de 2004

texto atualizado.







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