Usina de Letras
Usina de Letras
197 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140785)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->A PAIXÃO, DE MEL GIBSON -- 30/07/2004 - 12:06 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“ A PAIXÃO”, DE MEL GIBSON



Francisco Miguel de Moura*





Não fui assistir a esse filme mas não senti falta nenhuma. Li o longo ensaio histórico-literário do sábio historiador Joaquim de Montezuma de Carvalho, publicado no “Diário dos Açores”, em 6-6-2004. Começo com uma frase citada por ele, de Marcel Proust (1871-1922), o sutil romancista francês por demais conhecido (dos não-analfabetos): “Não há forma mais exata para atraiçoar o real do que ser realista em arte”. Pois foi isto que o Mel Gibson quis ser no seu filme, e arrebentou-se. Lembra Joaquim de Montezuma de Carvalho a imprudência do cineasta: “Manda a prudência caminhar por meio destas três religiões (as cristãs: catolicismo, islamismo e judaísmo), cujo berço não foi a Europa, com o maior dos cuidados, não fomentando a discórdia latente, não dando vida ao vírus adormecido dos ressentimentos escondidos. Foi o que não fez o parvalhão ianque Mel Gibson com o seu filme “The Passion” – “Paixão de Cristo” à peninsular. Os Estados Unidos nunca trouxeram nada de digno e bom ao mundo, a não ser Edgar Poe e Walt Whitman. Ele não devia ter feito um filme sobre a tortura e a morte de Cristo, entre dois ladrões com igual padecer, como quem mata um porco a esguichar sangue por todos os lados. Ele devia ter dirigido os dólares e as câmara de filmar para o modo como os índios foram sacrificados como outros cristos, em seu próprio solo pelos predadores brancos de carabina nas mãos. Aí, sim, seria digno e espetacular.”

Antes, já nos ajudara a ver que as religiões têm por fim primordial o comunicar do homem com o mistério, ou seja, Deus ou qualquer outro nome que tenha. Assim, elas pecam não pelo que pregam ou deixam de pregar, não pelos ritos, mas pelos excessos, criando aí os já famosos fundamentalismos a desviarem o homem do caminho da comunicação necessária com o todo, com o sobrenatural, com a vida, com a natureza e a luz. Por ver tanto sangue, sem desiderato, no filme sob comentário, JMC começa seu o ensaio assim: “Onde há sangue, há discórdia. As multisseculares guerras plagiaram-se umas às outras. A paz chega por via sangrenta, porém o vencido fica a ruminar ódios (vencidos sim, convencidos não), esse embrião para futuríveis desforras”.

Parece que estamos a falar não do tempo de Cristo, mas do agora, da Guerra do Iraque, do Afeganistão e tantas outras. Montezuma tem toda razão em estar indignado com um filme indigno, não porque seja sobre Cristo, não porque seja apenas “realista” sobre o acontecimento, mas sobretudo porque não saiu artístico, não saiu realista, não saiu poético, portanto não saiu verdadeiro, haja vista o que diz sobre a morte de Cristo o escritor Júlio Dantas (1876-1962), e os poetas Antônio Machado e Miguel de Unamuno, cujos poemas a respeito são mais do que recomendados. Porque têm objetividade, levam ao homem mensagens de amor e de serenidade e não guerras, sangue e tortura, que foram aquelas as mensagens do Cristo.

Filme inútil, prejudicial à humanidade, sem dúvida.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui