MAIS ?... NÃO E NÃO !...
Como verá e sentirá Você esta imagem?
Quiçá o meu poema lhe suscite mais âmplo raciocínio...
Estou farto de intimidades, fartíssimo,
insuportavelmente pleno, saturado,
em face dos milhares de abismos
onde persistente deslizei, rolei, tombei,
para me erguer e reerguer de novo, só,
sob o pó dos escombros, decepcionado...
Estou farto de dar e ser por cima maltratado,
de entregar-me aos braços abertos da traição,
aos desejos cegos, às fauces da ambição,
estou decididamente em corpo sitiado
por minha vontade preso e cercado
na minha serena, esclarecida solidão...
Intimidades?... Oh... Se há excepção,
só e apenas com um gato, com um cão,
ou quiçá com o acaso que sequer defino
entre pombas mansas e o divino
sol das manhãs na minha invernação.
E vá, comigo, chega... Mais?... Não e não !...
António Torre da Guia |