É TEMPO DE BONANÇA
(por Domingos Oliveira Medeiros)
No dia de São José
Lá prás bandas do sertão
Se a chuva chega molhando
É tempo de plantação
Sinal de muita fartura
Terminou toda agrura
Na casa de nosso irmão
Começa a semeadura
O tempo ruim já passou
A terra não tem mais poeira
A esperança voltou
O inverno é de colheita
A descrença foi desfeita
Todo mundo já ganhou
Aqui também se aplica
A crença de São José
Choveu muito na Usina
Houve reza e muita fé
O tempo ruim já passou
E todo mundo voltou
O cordel ficou de pé
É tanta gente chegando
Tem homem e tem mulher
Trazendo boas sementes
Do jeito que a gente quer
Tem plantador de saudade
Tem semente de amizade
Plantada até de colher
Tem planta de todo tipo
Prá comer e prá olhar
Macaxeira, batata doce
E tem milho prá assar
Tem moça bonita na praça
Tem gente fazendo graça
Tem sanfoneiro a tocar
O cantinho do Cordel
Não cabe em si de alegria
É todo uma festa só
Tem cantor, tem poesia
Tem gente com muita fama
Ninguém por aqui reclama
Nem de noite nem de dia
Não vou nem citar os nomes
Não é minha covardia
Mas posso esquecer alguém
E pecar por ousadia
Assim só falo em cicrano
Aqui, acolá, beltrano
Todos bons na poesia
Não posso deixar de lado
A citação de direito
Aqui nesse município
Também tem um prefeito
O mestre que representa
E que a todos acalenta
O seu rimar é perfeito
Já tem ampla maioria
Na Câmara do Cordelista
Seu nome é bem conhecido
Já vou logo dando a pista
Sua palavra é um tesouro
Exemplo de bom agouro
É o primeiro da lista
O guardião da cidade
O amigo de sempre e fiel
Homem de muito talento
Mostrado aqui no cordel
Egídio é o nome do mestre
Representante terrestre
Das coisas doces do mel
É o zangão responsável
Traça o rumo da cidade
Com rigor e galhardia
Fala somente a verdade
Protegendo o seu enxame
Não há quem não o proclame
Mestre dos mestres em cordel