A Mão Que Afaga É a Mesma Que Apedreja
(por Domingos Oliveira Medeiros)
A mão que afaga é a mesma que apedreja. Os EUA vêm seguindo à risca, tal assertiva. Haja vista o lançamento seqüencial de comida, logo após a enxurrada de bombas (mísseis) lançadas, primeiro, no Afeganistão, e depois no Iraque, numa tentativa de angariar a simpatia da população civil para facilitar os seus propósitos bélicos.
Infelizmente, não se trata de praticar a fraternidade, na acepção ampla do termo. Tal atitude estaria mais para a esmola interesseira; para a chantagem grosseira; que humilha e que subestima o ser humano, justo na hora em que se encontra diante de um momento de horror e de extrema fragilidade.
Até a forma como os alimentos são oferecidos, jogados como se jogam lavagem para os porcos, dão o tom da indiferença e do pouco caso com que, paradoxalmente, pretendem conquistar a população adversária.
E pensar que os custos dos alimentos são irrisórios diante do valor do aparato bélico e das bombas e mísseis de tecnologia de ponta, à disposição das forças americanas.
Mísseis, segundo a imprensa, ao custo unitário de milhares de dólares, que estão sendo queimados junto com as explosões que derrubam paredes e sonhos que há pouco agasalhavam o povo inocente do Iraque.
Imagine-se o custo do bombardeio diário e o acumulado ao final da guerra. Se é que um dia esta insana guerra terá fim. Um verdadeiro desperdício de tempo e de recursos, se pensarmos que a fome deste nosso planeta poderia ser banida com cerca de U$40 bilhões de dólares, ou seja, se tivéssemos efetivada a paralisação da guerra do Iraque por quatro ou cinco dias, a título de uma greve em favor dos que morrem de fome.
Desperdício, que poderia ser evitado, não fossem o orgulho ferido e o desejo de vingança, sobrepondo-se à razão e ao bom senso.
Melhor fariam, invertendo a ordem dos gastos, ou seja: Investir o equivalente aos recursos consumidos na produção e lançamento de mísseis, em programas de ajuda às comunidades menos favorecidas do planeta.
Desse modo, estaríamos criando um ambiente favorável à colaboração espontânea das populações no combate a todas as formas de terrorismo. De quebra, prestaríamos um imenso serviço aos ideais humanitários de liberdade e de paz. Ainda dá tempo. UTOPIA ?
Domingos Oliveira Medeiros
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