500 ANOS DEPOIS
As caravelas chegaram,
Os homens desceram
E a terra se abriu.
As mãos se apertaram,
Osíndios dançaram,
No espaço ecoaram
Os gritos de paz.
E as portas abertas,
Nas terras dos índios,
Deixaram que entrassem
Figuras estranhas.
O sol aqueceu...
A lua benzeu
O instante de amor.
O mar preocupado,
Chegou e voltou...
O vento soprou
E o branco tomou
Do índio o seu chão.
Expulsos da terra
Sem armas de guerra,
As tribos dispersas
Fugiram do horror.
O tempo passou...
O índio sonhou
Rever seu quinhão.
E em marcha ordenada,
Pisando na estrada,
Regressa no tempo
Onde o tempo abrigou
O branco tão mau,
E viu muitas velas,
Não mais caravelas,
Sopradas com balas
Ao som do canhão.
E o índio agredido,
No espaço, sofrido,
O espaço perdeu,
Voltou e chorou...
Com os olhos no céu
E os pés sobre o chão
Que um dia foi seu.
A taba acabada,
Canoa furada,
A tribo, coitada,
Sem ter alimento,
Esvai-se com o vento,
Clamando à Tupã:
- Oh! Deus do Universo!
Devolva o que é nosso,
Não deixa o perverso,
A terra manchar.
Devolva o Brasil
Aos sonhos de outrora
E os maus brasileiros
À fúria do mar.
Newton Rossi |