Esta vendo como o computador é meu amigo ? Escrevi 25 linhas em fonte 10. Como voce pediu apenas 20, baixei para fonte 8. Segue abaixo suas 20 linhas.
Se não estivesse ligado ao computador, seria hoje um mero aposentado e provavelmente estaria na imensa lista de desempregados do país. De nada adiantaria meu curso superior nem a experiência em administração e finanças durante 38 anos. Trabalhava com letras, números e leis, era gerente de auditoria em um grande banco e tinha que trabalhar com estreitas relações com meus colegas Advogados.
Nas reuniões mensais em Salvador, reclamava na Diretoria que estávamos atrasados e devíamos partir para informatização. Pessoalmente, não queria me envolver com máquina mas apenas dela usufruir. Mesmo assim sonhava com a era eletrônica e esperava um dia me comunicar com os outros através dela. Na época a Internet ainda era um bicho estranho no Brasil.
Um certo dia quando voltei de Salvador, encontrei um computador 286, com disco rígido de 10 mgb, memória de 650k. Na minha mesa, um bilhete do Diretor: “você pediu, está aí. Te vira ! – O bichinho trabalhava com DOS e não tinha nenhum aplicativo. Liguei, e logo consegui desconfigurar impossibilitando-o para qualquer tipo de operação. Com um manual e o auxilio de alguns micreiros, coloquei um editor de texto word 2.0 e Lotus 123 1.0. Aos pouco aprendi o DOS. Ficava entusiasmado em digitar e apagar, corrigir textos e planilhas sem usar a velha borracha. A cada dia aprendia uma novidade e aos poucos fui evoluindo, tanto na máquina quanto nos aplicativos. Do DOS 6.0, passei para o Widows 2.0. Do 286 para 386, 486 e assim por diante. Antes de passar para o Windows, já existia o correio eletrônico do Banco em todo o país. A essas alturas já entendia um pouco da máquina. Envenenei a minha, procurei saber o número de nossa centralizadora, e de minha casa passei o primeiro Correio Eletrônico fora círculo restrito do Banco. Escrevi para o Diretor as 23,00h. com a seguinte mensagem: - Prezado Rivaldo, com estas linhas, sou primeiro funcionário do banco a poder trabalhar em casa. Como você vê, me virei muito bem. Abraço, Mauro.
Na época disseram que o “véio” estava endoidando. Quando me aposentei, deixei o projeto de auditoria a distancia pronto e emitia todos os relatórios via correio eletrônico. Hoje trabalho como consultor de empresas, e de minha casa me relaciono com 8 bancos, além de me corresponder com meus amigos em todo o país, e fora do Brasil quando estão viajando.
O futuro chegou tão rápido, que eu já estou com saudade de 2030.
Mauro de Oliveira
