Na cachoeira
Enquanto a água corria gemendo entre as pedras,
Tu sorrias nos braços fortes daquele plebeu.
Contorcias, enrodilhada como uma serpente
E de teus lábios uma saliva branca espumava.
Teu corpo sinuoso aquecia nos braços fortes,
Que te enlaçavam como gavinhas retorcidas.
Com todo frenesi, tu choravas o desejo
Daquele amor sentido a sofreguidão do prazer.
A água correndo e tu choras o ato leviano.
Com voz rica em modulações e trejeitos fúteis,
O plebeu quase sem refletir, levanta e sorri.
Num jeito sórdido, de conquistador dominante,
Ajeita teus cabelos suados, ensaia um adeus.
E tu? Rolas nas pedras, extasiada de tanto gozo.
Marly de Castro Neves
20/01/2001
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