Buraco por todo lado. Nas estradas. Nos discursos. Nos contratos. Nas notícias de jornais.
De que adianta todo esse barulho em torno da reforma da Previdência, tentando passar à opinião pública de os servidores são os culpados pelo suposto déficit previdenciário ? O INSS, sistema geral de previdência, que atende aos trabalhadores do setor privado, registrou o maior ROMBO de sua história: R$ 9,6 bilhões. Isto equivale a um crescimento do déficit em 16,6 %, apenas nos seis primeiros meses deste ano, comparativamente ao mesmo período (jan a junho) de 2002.
O secretário da Previdência social atribui este aumento à queda dos salários. Ou seja, falando mais claramente: em decorrência do aumento do desemprego e dos trabalhadores sem carteira assinada, em face da desastrosa política econômica que vem sendo praticada por este governo: juros e encargos trabalhistas elevados, crescente endividamento externo, subserviência ao capital estrangeiro e falta de rumos.
Outros, insistem na tese dos ALTOS SALÁRIOS. Dos privilégios e dos marajás. Usam a exceção, como se fosse a regra geral. Não dizem que os “marajás”, que se aposentaram com salários de R$ 40 e R$ 50 mil, não passa de uma meia dúzia de “gato pingado”. Que nada interfere, do ponto de vista financeiro, no déficit da Previdência. Não é este, portanto, o problema principal. Todos devem à Previdência. Inclusive o governo. E há os empresários que recolhem as contribuições e não repassam para os Cofres Públicos. São os devedores cativos. Que ainda recebem vantagens para pagar a dívida em quinze anos. Uma afronta para os empresários honestos, que mantêm em dia suas obrigações.
E há o patrimônio imobiliário do INSS. Que ninguém se dá ao trabalho de cadastrar e colocar à venda. Para arrecadar mais recursos. E há, também, a corrupção, que se aproveita dos frágeis e inconsistentes recursos de controle e fiscalização. Um buraco dos grandes. Um ralo sempre aberto à fuga de recursos. Afora os desvios. Pelas valas dos interesses “político-eleitoreiros”. Os mesmos que acabaram com os bancos estaduais. E, por fim, o eterno, geométrico e crescente endividamento público.
Em resumo: ANTES DE FALAR EM REFORMA, primeiro é preciso TAPAR OS BURACOS desse saco sem fundo. Que começa nos desmandos e desvios de governos passados. Federal e estaduais. E termina por uma falta de vontade política de encarar o cerne de todas as questões nacionais: A desastrosa dívida externa. Que não permite que se faça investimentos com vistas à retomada do crescimento econômico. Que trata os investimentos como despesas. E que, por isso, obriga-nos a utilização do dinheiro emprestado para fins de manter o pagamento dos juros. Mantendo sempre uma reserva de garantia. Não sei para que serve este dinheiro. O Brasil que se exploda!
E, infelizmente, ainda não apareceu um brasileiro capaz de jogar duro com os excessos e ingerências do FMI. Eles estão, na verdade, defendendo os interesses de seus países. E nós, aceitando, pacificamente, este jogo de cartas marcadas, que já demonstrou, nos últimos dez anos, que não nos levará a lugar nenhum. A não ser à miséria e à subserviência.
Vamos negociar prazos e condições do acordo, agora em dezembro. Temos que eliminar a cláusula do contrato que não permite que façamos investimentos em infraestrutura, por exemplo. Um contrato só é bom quando é bom para as duas partes. Desse jeito não dá. Ficamos todos trocando farpas uns com os outros. Brasileiros contra brasileiros. Enquanto nosso principal adversário, fica rindo e enchendo os bolsos de dinheiro.
Assim, não há dinheiro que chegue. E nem desculpas esfarrapadas para enganar o povo. É muito buraco e muita conversa fiada. ACORDA, BRASIL!...