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Infanto_Juvenil-->Tonhola na casa do tio -- 08/07/2009 - 04:04 (José Januzzi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tonhola na casa do tio


Algumas vezes o filho de Dona Rica insistira com ela para que deixasse Tonhola passar uns dias em sua casa com sua família. Mas ela sempre resistira, pois sabia muito bem o neto danado que tinha e achava que eles não o tolerariam por muito tempo. Ela temia que a situação ficasse pior do que já era, até que um belo dia, ela, muito cansada, não hesitou e cedeu à insistência do filho, afinal, certamente far-lhe-ia bem ficar alguns dias sem as estripulias do neto.
Assim se fez. Tonhola já ficara algumas vezes na casa do tio quando menor, mas, com o crescimento do corpo, veio na mesma proporção, uma sensível piora no comportamento e por isso sua avó não o deixou mais ir. Naquele tempo, suas artes ainda eram consideradas gracinhas de criança.
O filho de Dona Rica, não era o que se pode chamar de bonzinho, além do mais, conhecia muito bem a pestinha com quem iria lidar, por isso, antes de levá-lo, preparou direitinho o espírito da esposa e dos filhos para receberem bem o sobrinho famoso nas peraltices. Por mais afastado que ele ficasse da casa da mãe ela sempre o mantinha informado sobre o comportamento do moleque.
Para Tonhola o passeio lhe causava certa expectativa positiva, afinal, a ideia de sair de casa lhe era agradável. Mas, naquele caso, havia um motivo a mais que embaralhava sua fértil imaginação que era o convívio com os dois primos mais velhos, chatos, mimados e que aprontaram com ele nas outras vezes. Isso sim, o preocupava. Era chegada a hora da vingança, pensava consigo, pois ainda trazia vivo na memória os cascudos e empurrões lhe deram por serem maiores e mais fortes. Que nada, daquela vez seria tudo diferente, pensava consigo, afinal, ele havia crescido e apostava com qualquer um que aqueles dois almofadinhas não teriam a coragem de aprontar com ele novamente.
O primeiro dia foi de apreensão, de reconhecimento do terreno. Tonhola estava assustado, pássaro fora do ninho. Com o passar do tempo foi se acostumando. Os primos estavam muito tranquilos para o seu gosto, pareciam até indiferentes com sua presença e aquilo estava começando a incomodá-lo. Na parte da manhã, os primos iam para a escola. Na parte da tarde eram praticamente obrigados pela mãe a se dedicarem, quase que o tempo todo, às tarefas da escola. A mãe dos garotos era uma mulher muito dedicada, quando ela não estava cuidando da casa, estava na cozinha ou no quarto, debruçada sobre uma máquina de costura o tempo todo. Como se pode notar, até aqui, não foi muito divertida a estada de nosso amigo na casa de seu tio porque à noite ele chegava e era um respeito só, não brincavam e logo depois do jantar, um nada de televisão e já eram obrigados a irem para a cama.
Aquela situação durou poucos dias. Entediado, Tonhola tentou sorrateiramente sair da casa, ou melhor, começou a preparar o caminho para que o levassem de volta.
No mesmo dia, à noite, esperou que os primos deitassem, fingiu que estava dormindo e aguardou um pouco depois que as luzes foram apagadas, levantou-se, foi até o banheiro, apanhou o tubo de pasta de dentes, voltou ao quarto e esvaziou o tubo dentro do tênis do primo mais velho e foi dormir tranqüilamente. Ao amanhecer, o primo foi calçar o tênis para ir à escola e tomou o maior susto, ainda sem acordar direito, quando sentiu aquela meleca branca e fria em seu pé; foi um deus-nos-acuda, se não fosse a tia a segurar o filho ele certamente teria tomado a maior surra. Os primos estavam com o Tonhola pela altura do pescoço, era esperar para ver.
O primo mais novo era o mais gordinho e adorava deitar após o almoço e dar uma cochilada enquanto o outro grudava em frente da televisão. Aquilo iluminou mais uma maléfica idéia em nosso amigo. No outro dia, após os primos irem para a escola, Tonhola atrasou por demais seu café da manhã e enquanto sua tia arrumava as camas no quarto, ele esfarelou cuidadosamente um pedaço de pão, embrulhou num pedaço de papel de padaria e um pouco antes de os meninos chegarem foi até o quarto e esparramou as migalhas de pão duro sobre o lençol da cama do gordinho. Almoçou com os primos como todos os dias como se nada tivesse acontecido, foi para a sala ver televisão e ficou só escutando. O gordinho esperou o pai ir para o trabalho e foi para o quarto, tirou o uniforme, botou um calção largo e sem camisa, todo preguiçoso se esparramou na cama. Foi mais uma confusão dos diabos, uma gritaria maluca e a mãe foi correndo toda assustada ver o que era aquilo. A bagunça foi tanta que a tia, irada, depois de uma baita de uma repreensão no moleque, separou os filhos no quarto e resolveu trancar o sobrinho por várias horas no banheiro.
Com aquela mente astuta e preso um longo tempo num espaço reduzido, era tudo que o moleque precisava para programar a próxima empreitada. Sentado no vaso sanitário, com a mão sob o queixo e o olhar perdido no vazio percebeu na parede oposta, que na tábua do meio da prateleira entre diversos objetos havia um pote de vidro com algumas moedas, em sua maioria moedas antigas. Ele se levantou, apanhou o vidro, tirou as moedas e ficou brincando de jogá-las de uma mão para outra de frente para o espelho sobre a pia quando uma delas caiu e foi diretamente para o ralo da pia. Era uma moeda pequena e com o auxílio de um grampo de cabelo que estava na prateleira ele facilmente conseguiu tirar a moeda, ao mesmo tempo percebeu que entre as moedas maiores havia algumas que eram exatamente do tamanho do orifício do ralo e, portanto, mais difíceis de serem retiradas. Nivelou o ralo da pia com a louça da cuba com tantas moedas lá coube. Colocou as outras no pote de vidro e o pôs de volta na prateleira. Começou a rir sozinho em imaginar a ira do tio quando chegasse em casa e encontrasse o lavatório entupido de moedas. Algum tempo depois, a tia esperou os meninos se acalmarem e repetiu a eles as várias recomendações que havia prometido ao marido para a lida com o primo; os fez prometer que nada fariam de mal ao moleque; foi até o banheiro, bateu na porta, destrancou e tomou o sobrinho pelo braço e o fez ficar grudado na televisão junto com ela, que bordava uns panos ao seu lado e os primos no outro sofá, até o tio chegar do trabalho. A tia estranhou a tranquilidade que o sobrinho saiu do cativeiro imposto por ela, um pequeno sentimento de remorso tomou-lhe o peito, mas logo passou. Quando o tio chegou, como sempre fazia, foi logo para o banho, mas sem antes perceber que alguma coisa de errado tinha acontecido, mesmo sem falar nada com a esposa, só de ver aqueles três sentados no sofá. Agora era o Tonhola que estava estranhando a demora do tio. O tempo passava e nada acontecia, a apreensão dele aumentava com os olhos atentos ao corredor que dava para o banheiro. O tio, quando percebeu a molecagem que o sobrinho tinha feito, não se alterou. Num outro pote na mesma prateleira ele também guardava junto com umas ferramentas miúdas, um pequeno imã. Com facilidade ele retirou as moedas do ralo. Saiu do banheiro como se nada tivesse acontecido, passou pela sala, perguntou o que eles estavam assistindo e avisou ao Tonhola que no outro dia o levaria de volta para a casa da avó.
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