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Artigos-->OSAMA BIN LADEN - UMA CRIA AMERICANA -- 15/09/2001 - 18:20 (Daniel Fiúza Pequeno) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Osama Bin Laden – uma cria americana









Que ninguém espere de Osama bin Laden uma confirmação de que patrocinou quaisquer atentados. Ao contrário de outros líderes terroristas, que se ufanam dos feitos dos seus, Bin Laden tem o hábito de congratular o terror, mas negar envolvimento. Não tem escolha. Sua estadia no Afeganistão e, anteriormente no Sudão, depende justamente da prova cabal que nunca vem.

Sabe-se pouco deste homem alto de fala suave, herdeiro de um bilionário saudita, que decidiu ainda muito novo alistar-se na resistência muçulmana aos soviéticos, no Afeganistão. Do inimigo comunista derrotado a duras penas, apontou sua arma em direção aos norte-americanos. "Hostilidade em direção à América é um dever religioso e esperamos ser recompensados por Deus", disse em uma de suas raras entrevistas ao repórter John Miller, da TV ABC.

O texto completo está no site da emissora. São páginas e páginas de uma retórica religiosa fina recheada com ódio visceral. Quem com paciência atravessa as respostas carregadas de salves a Maomé e Alá encontra com o que se preocupar. "Esperamos que o Afeganistão seja bombardeado e sabemos que os infiéis dirão que é por causa da presença de Osama", diz auto-referente. "É por isto que nós e nossos irmãos moramos nas montanhas, longe dos muçulmanos nas cidades para evitar que sejam feridos”.A conversa foi em 1998. Bin Laden é particularmente crítico dos muçulmanos que não estão dispostos a dar sua vida na Guerra Santa contra Estados Unidos e Israel – ou judeus e cruzados, como prefere. "Sua principal razão é o apreço por esta vida. Deus diz parco é o prazer neste mundo. É o que vem depois o melhor para quem faz o certo. No mínimo, você não precisará lidar com injustiça. É por isto que os muçulmanos devem confortar-se com a esperança do prazer de Deus e os prêmios no paraíso divino”.



Expulsão de EUA e Israel



O que faz da guerra por vir diferente – quiçá já instalada – está nas entrelinhas de seu discurso. Como bem aponta David Plotz, na "Slate", o que bin Laden espera não é o que esperam terroristas palestinos, irlandeses ou bascos. "[Ele] e seus seguidores são motivo de alarme porque não querem nada de nós. Não querem nossa simpatia. Não querem nada de material que possamos oferecer. Eles não querem participar da comunidade de nações. (Eles nem acreditam no estado-nação.) São motivados por religião, não política. Respondem a ninguém além de Deus, portanto não vão nos responder”. Em sua entrevista à ABC, ele até diz o que quer. Considera que vários estados muçulmanos estão sucumbindo em fraqueza e precisam ser recuperados. Tal só acontecerá com a expulsão de Israel e da presença ocidental, principalmente americana, de todos os países muçulmanos – não apenas os árabes. É impossível compreendê-lo sem entender sua relação com sua nativa Arábia Saudita. É lá onde ele vê a maior decadência, na elite, uma gente corrompida por vícios ocidentais como o álcool e seriados de tevê. A fortuna de seu pai, estimada em 5 bilhões de dólares, veio justamente da boa relação com a família real saudita que bem vale – em qualquer governo – a um empreiteiro. A Guerra do Afeganistão também lhe ensinou uma lição que não cansa de repetir – a de que as ditas "superpotências" de super têm muito poucos. Elas caem, caem pela falta de disciplina e cuidados, pela arrogância, por uma incapacidade de imaginar o inimaginável. São frágeis, e assim foi com a debandada da União Soviética em 1989. Não é difícil vê-lo sorrindo, portanto, com o desmoronamento das torres gêmeas do World Trade Center. (Diga-se de passagem, na segunda tentativa.) Quanto mais a do Pentágono.



O esquema do terror



Os homens de bin Laden se referem a ele por sheik, e é em seu rigor e dedicação ao Corão que encontram um modelo. Em sua maioria, são sauditas, egípcios ou iemenitas, mas são aceitos independente da raça, a fundamentação religiosa é o principal. Al-Qaeda, ou "o pedestal", é o nome de sua organização. Estima-se que opere em 60 países, com 20 células ativas neste exato momento. No caso do primeiro ataque ao World Trade Center, em 1993, os terroristas estudaram os prédios diversas vezes, observando não apenas sua segurança, mas também analisando onde, nos porões, a explosão seria mais eficaz. Custou não mais que 18.000 dólares. Cada operação parece levar de quatro a seis meses de plano. A organização é desenvolvida por uma célula independente da responsável por sua execução. Em cada uma, reúnem-se não mais que 10 pessoas – e o pessoal é jovem, em geral por volta de 25 anos. No caso de 93, o plano foi desenvolvido em solo americano. E são pacientes. Embora um chefe de célula não tenha autoridade para disparar um ataque, nada lhe é cobrado se decidir suspender a ação a qualquer momento. Em primeiro lugar, sua segurança – a morte é válida, desde que eficaz. Na eficácia, o segredo.



Trajetória



Osama bin Ladin é um dos mais de 50 filhos do magnata saudita Muhammad Awad bin Ladin. Graduado em economia, é considerado um exímio homem de negócios, cujo produto principal é o terror. No Afeganistão, durante a guerra, comandou uma das sete principais facções guerrilheiras islâmicas – mujahedin – na luta travada com o apoio dos Estados Unidos. A CIA investiu 500 milhões de dólares por ano numa campanha de armamento e infra-estrutura das guerrilhas.

Em 1989, após a vitória sobre a União Soviética, Osama mudou-se de volta para Arábia Saudita, de onde foi exilado em 1994, perdendo os direitos de cidadania. Levou então seus negócios para o Sudão e, posteriormente, voltou ao Afeganistão, onde mantém seus campos de treinamento. Entre seus negócios e interesses comerciais no Sudão, estão uma fábrica de couro de cabra, companhias de construção, um banco, operadoras de importação e exportação e plantações de girassol. Sua companhia de construção el-Hijrah Construção e Desenvolvimento têm parceira com a Frente Nacional Islâmica e com as Forças Armadas do país. A empresa foi responsável, por exemplo, pela construção do novo aeroporto e uma estrada de 1.200 quilômetros unindo Khartoum ao Porto. Bin Ladin é suspeito ainda de ser um dos principais investidores na farmacêutica al-Shifa, considerada uma das maiores fabricantes de armas químicas. Os tentáculos de Ladin pelo mundo árabe e saudita estão, sobretudo no campo religioso. O homem de negócios que recruta e financia jovens muçulmanos para treinamento no Afeganistão já publicou três fatwahs ou regras religiosas, convocando os seguidores a apontar suas armas contra os Estados Unidos e infiéis judeus.

Sua morte dificilmente deterá quem o segue.



Thais Aguiar thais@no.com.br



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