Axé Music
Ao som dos atabaques globalizados e neoliberalizados peço a alguém que essa noite não se acabe.
Ao som dos tambores que traduzem o lixo e estereotipam cada vez mais esse povo, peço a alguém que essa noite não se acabe.
Ao som das batidas de um coração abatido que expressa o sentimento esfarrapado de um ser, peço a alguém que essa noite se acabe.
Ao som dos murmúrios internos que sentimentalizam um rumor quase desgraçado, peço, por favor, a ti, que esta noite não se acabe.
Mas, como uma noite tem inexoravelmente um fim, peço-te apenas que esta se prolongue um pouco mais do que o convencionalmente conhecido.
E, por fim, imploro-te que o barulho que invade, saqueia e assalta meu senso crítico, se é que tens o condão da serenidade acalentadora, possas transformar sua energia em calmaria e, após, em uma paixão barulhenta.
Max, maio de 1998.
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