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Artigos-->O beijo da senadora -- 12/06/2004 - 16:50 (Athos R. Miralha da Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




O beijo da senadora

Athos Ronaldo Miralha da Cunha



O plenário do Senado foi palco de uma cena de amor em horário nobre.

O senador Eduardo Suplicy e a senadora Heloisa Helena trocaram afagos na ordem do dia. Esquentando o grande expediente.

Há uma afinidade entre o senador e a senadora que transcende os seus destinos e visão política. Vale lembrar que Suplicy foi um dos mais fervorosos defensores de Heloisa no episódio que resultou em sua expulsão do PT.



Eduardo Suplicy e Heloisa Helena têm temperamentos totalmente diferentes e posicionamento políticos divergentes.

Suplicy é um moderado por excelência. Há serenidade no seu olhar. Seus gestos são calmos.

Heloisa Helena é aguerrida, valente, uma lutadora pelas causas sociais. Heloisa é agitadora e simboliza a garra feminina. A pequena senadora alagoana já enfrentou as poderosas raposas da política brasileira. Heloisa provocou a renúncia de ACM na legislação anterior. Heloisa Helena é rebelde, destemida e sonha com a revolução socialista.



Nas fotos em que beija e abraça o senador Suplicy, Heloisa Helena nos revela o seu lado terno, singelo e meigo. E concluímos que Che Guevara foi profético quando proferiu uma de suas mais famosas e poéticas frases Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás. O gesto da senadora foi revolucionário. Pois, naquele cenário os embates são acalorados e as demonstrações afetuosas são escassas. Heloisa nos proporcionou a ternura em sua manifestação mais pura. A doçura de um beijo. O calor de um abraço.

É possível que muitos de nós jamais imaginou que a senadora fosse capaz de um beijo. Definitivamente, os contrários se atraem.



Ninguém tem o direito de meter o bedelho na vida pessoal de quem quer que seja. Ninguém tem nada a ver com a vida privada de Suplicy e Heloisa. Se o relacionamento for namoro ou amizade, é um problema que diz respeito, exclusivamente, a eles.

A ambos admiro como políticos. E, particularmente, acho que formam um simpático casal.



Antes de ser expulsa do PT a senadora afirmou que “preferia ter o coração partido que a alma vendida” e foi assim que justificou seu voto contra a reforma da previdência que originou a sua exclusão do partido.

Com o coração estilhaçado Heloisa foi uma das fundadoras do PSoL a agremiação que pretende abrigar uma parcela da esquerda que não está contente com os destinos políticos do governo do PT.



Após ter sido expulsa do PT, a senadora colocou em uma caixa todos os seus pertences que tinham alguma coisa a ver com o partido, vedou e mandou para um amigo. E concluiu chorosa: “isso para que numa noite de saudade a gente não queira remexer e reviver a própria história”.

Ou a saudade já bateu ou o destino é irônico. Seu coração não está traindo o PSoL quando fica acelerado por um coração petista?

O coração da senadora, como a própria senadora, também está a procura de um outro partido. Possivelmente, deseja ocupar outros latifúndios sentimentais. Resta saber se Suplicy será o partido do coração partido de Heloisa Helena.





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