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Artigos-->O QUE TEM A VER MEU LIMOEIRO COM O ATUAL PRESIDENTE DO PAÍS? -- 06/06/2004 - 11:52 (Rômulo Teixeira Marinho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O QUE TEM A VER MEU LIMOEIRO COM O ATUAL

PRESIDENTE DO BRASIL?



Antes da leitura do meu artigo, peço permissão para uma divulação:



Quero recomendar aos meus amigos uma visita ao saite do Sindicato



dos Escritores de Brasília



(http://www.sindescritores.com.br/default.asp).



Ainda está em construção, mas já dá para ler alguma coisa.



Qualquer amigo que seja escritor ou poeta e queira publicar algum



trabalho on line, escreva pra mim que darei mais detalhes. Sou um



dos diretores jurídicos da Casa. Grande abraço. Feliz Ano Novo. RM





Por Rômulo Marinho





Já, já, responderei. No quintal da minha casa em Brasília, há muitos anos, fiz um belo pomar. Pelo menos eu e os pássaros, que o tornam encantado, achamo-lo assim. Entre as inúmeras árvores frutíferas que plantei, asssentei um limoeiro, cuja muda comprara numa loja do ramo. Conforme me informaram na ocasião da transação, seria daqueles que davam os famosos limões "verdadeiros de verdade”. Nunca soube exatamente o nome certo. Só me lembro que, quando criança, no meu velho Rio de Janeiro, os vendedores ambulantes, nos seus pregões, assim o anunciavam: "Olha o limão verdadeiro de verdade!" Aliás, também nunca soube o porquê. Haveria um limão verdadeiro de mentira? Aquele ao qual me refiro é um de casca fina, graúdo, suculento, que usam no Rio, São Paulo, Brasília e outras cidades brasileiras, para fazer batidas e caipirinhas. Quando comprei o pequenino pé, pela explicação que me deram, achei que se tratava do próprio.



Era uma muda de pouco mais de meio metro de altura quando a comprei. Reguei-a com amor e água por meses e meses, como fiz, aliás, com todas as outras. O pé tornou-se adulto em dois anos e, surpreendentemente, passou a frutificar. Quanto mais crescia, mais frutos dava, praticamente, o ano inteiro. Fantásticos limões, grandes e prenhes de suco. Às vezes, alguns, sem exagero, do tamanho de uma laranja. Era, sem dúvida, o “limão verdadeiro de verdade”.



Deles fazíamos limonadas e sorvetes, que refrescavam nossos dias ressecados de Brasília nos meses de agosto e setembro. Preparávamos, ainda, batidas, caipiroscas e caipirinhas que nos alegravam, durante os churrascos com os amigos, e “Mousses” para sobremesa. Empanturrávamo-nos, enfim, de vitamina C.



Lamentavelmente, porém, não tantos anos assim após seu plantio, suas folhas começaram a murchar. Foram murchando, murchando... até secarem completamente. Mandei adubá-lo para tentar ressuscitá-lo. Investimento e trabalho em vão. Meu limoeiro morrera mesmo. Restaram, apenas, um tronco seco e algumas raízes à mostra. Apesar do seu passamento, que muito me entristeceu, relutei em elimina-lo. Nunca perdi a esperança de que um dia, com muita chuva e adubo – as raízes continuavam lá - ele voltasse a viver.



Ao meu jardineiro quinzenal, que não acredita em ressurreição, e que já queria plantar outro pé no mesmo lugar, disse que tivesse paciência. Quando as chuvas chegassem – quem sabe? - reviveria.



E não é que, certo dia, caminhando pelo pomar, graças a Deus e graças a Noé (tal qual o abade do Guerra Junqueiro em “O melro”), dei uma desesperançada olhada nele e tive outra surpresa: na raiz que restara exposta após a adubagem, brotara um raminho com verdíssimos folíolos. Fiquei esfuziante, comentei com parentes e amigos e com o jardineiro – o tradicional “não falei?” - o ressucitamento do meu querido pé de limão. Árvore que a gente planta é quase como um filho e dói muito seu finamento.



Outros ramos e galhos foram nascendo durante esses últimos anos e eis que diante de mim surge outra vez um belo limoeiro. Aguardei, ansiosamente - primaveras e primaveras se sucederam - sua nova florada. Nada. Pensei que ficara estéril. Fiz consultas. Informaram-me que meu limoeiro deveria ser híbrido. Produto de enxerto. Assim, os galhos que cresceram, frutificaram e depois secaram não eram naturais da semente plantada. Vieram de outro pé, cortado e emendado.



Era provável que - me disseram - não desse mais frutos.



Ainda assim insisti e não o erradiquei. Ficou ali, verde, bonito, ornamental, dando sombra, mas nada de flores. Meio desanimado, por um tempo, deixei de buscá-las naqueles galhos.



Numa ensolarada manhã, entretanto, olhando de relance o meu "Belo Antônio", bonito mas impordutivo limoeiro, deparei-me com uma inesperada frutinha instalada num galho da planta rediviva. Procurei outras e nada. As flores haviam sido tão escassas que nem notara o desabrochar da que dera origem ao bendito fruto.



Enquanto crescia, porém, ia percebendo que não guardava qualquer semelhança com os que ali abundaram outrora. Acompanhei o desenvolvimento da fruta sem muita certeza do que seria aquilo. Não, não era mesmo igual aos antecessores, isso já tinha certeza. Eis então que começou a amarelar. Ué! Virou limão galego, cogitei. Só quando amadureceu completamente, na semana passada, pude prová-lo. Verifiquei, então, que não era limão. Era tangerina. Acreditem! Tan-ge-rina! Legítima descendente da semente plantada há sei lá quantos anos. Há mais vinte, pelo menos, tenho certeza. Agora me resta aguardar ansiosamente a próxima primavera. Embora já haja outras tangerineiras no meu pomar, não lamentarei se meu ex-limoeiro acrescentar seus frutos à safra do próximo ano. Afinal, mesmo não sendo o que pensara que fosse e queria, não se trata de um resultado totalmente desagradável. A tangerina é um saboroso fruto. Mas, infelizmente, nem sempre situações semelhantes têm finais felizes.



Vejam, por exemplo, o que aconteceu com os eleitores do atual Presidente "desse" país. Sempre escrevem, longos e amargos artigos, contando a decepção que tiveram com o mesmo. Na verdade, “compraram” uma laranjeira pensando que fosse um limoeiro. Também fiquei decepcionado quando vi que o patife que o antecedeu não era bem o que pensara quando o comprei. Deu-se o mesmo com vocês. Só depois da “compra” perceberam que não se tratava de limão. Era “laranja”. Inclusive, claro, que com o duplo sentido que se dá a palavra.



Assim, acredito, minha metáfora tem tudo a ver. Reparem: trata-se, em tese, de um produto espiritual híbrido, resultante de cruzamento de espécies diferentes (sertanejo nordestino com intelectuais paulistas, adubado com religiosidade das comunidades de base e protegido pelo agrotóxico marxista), que nunca foi comunista nem esquerdista, mas estagiou algum tempo como sindicalista, "secando", porém, antes de amadurecer (aposentou-se com 42 anos de idade e 22 de serviço). Temos, assim, que nunca foi “tomate”, mas certa época foi tido e havido como "morango", que, aliás, não é fruta, é infrutescência carnosa. Hoje, virou “laranja” do Meireles e, não há a menor dúvida, é enxerto do FHC. Coisa que afirmei bem antes das eleições, se vocês se lembram.



Mas a sorte é que vocês poderão se livrar dele e dos seus penduricalhos na próxima safra. Não se esqueçam disso, nem desanimem. Vamos continuar tentando arranjar um bom limoeiro para o Brasil.



Importante: desse fato extrai, também, uma moral que tem tudo a ver com o episódio do Waldomiro/Cachoeira: Não adianta esconder a verdade. Ela pode ficar adormecida ou camuflada por anos e anos, mas quando menos se espera aparece.



Finalmente, seria esse o "limão verdadeiro de mentira"? Cartas à redação.







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