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Artigos-->(PRE) CONCEITOS E RACISMOS -- 05/06/2004 - 18:09 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
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(PRE) CONCEITOS E RACISMOS

(Por Domingos Oliveira Medeiros)



Sempre achei, e continuo achando, que este tema, o racismo, principalmente em relação aos nossos irmãos negros e pardos, tem sido objeto de discussões – quando não equivocadas -, impregnadas de um certo exagero ditado pelo sistema de crenças e valores coletivo.



Em primeiro lugar, a triste e vergonhosa página da história da escravidão dos negros sempre foi mal contada.



A escolha do negro africano, para o trabalho escravo, não teve como premissa básica a cor de sua pele; mas a sua condição de fragilidade econômica e social. Ao lado destes fatos, registre-se a facilidade com que os detentores do poder, na época, conseguiram, pela via da compensação financeira, arregimentar outro grupo de negros, aos quais cabia a tarefa de “prender” e colocar seus próprios irmãos (menos favorecidos) dentro das embarcações (os navios negreiros) para fins de comercialização, e a título de mão-de-obra gratuita.



A motivação principal, portanto, embutida na origem do processo de escravidão, está mais do que clara: fora de ordem meramente econômica; e não por razões de cor da pele. Nenhum país invadiu a África para trazer os negros escravizados. Eles eram “caçados” , por assim dizer, pelos próprios irmãos traiçoeiros.



E tudo isso logrou êxito porquanto as crenças e valores coletivos da época indicavam (naturalmente, de forma equivocada) que os negros eram de raça inferior. Fenômeno parecido com a questão da Inquisição, na Idade Média.



As crenças e valores coletivos apontavam para a necessidade de transformar todas as pessoas em verdadeiros Cristãos. Fosse de que maneira fosse. E outra página negra foi inaugurada: muita gente, que pensava de forma diferente, foi queimada viva, para dar o exemplo da força (ainda que equivocada) que determinadas crenças exercem no inconsciente coletivo de uma determinada sociedade, num determinado espaço de tempo. Verdades aparentes, reforçadas por interesses escusos, que acabam aceitas e consideradas como verdades absolutas e inquestionáveis, sob pena de punição.



Em segundo lugar, e retornando ao tema propriamente dito do racismo , não acredito nos números de algumas pesquisas que, vez por outra, são disseminados pela mídia, e segundo os quais, por exemplo, os trabalhadores negros ganhariam muito menos do que os brancos, para realizarem as mesmas tarefas e sob as mesmas condições de trabalho. Falso. Pura mentira. Pelo menos, em grande parte das vezes, tal afirmação não se sustenta diante da evidência dos fatos.



O cidadão de cor negra, que ingressa na Polícia Militar, nas Forças Armadas, no Serviço Público Civil, na magistratura ou em qualquer órgão das três esferas da Administração Pública: federal, estadual e municipal, - pela via do sistema do mérito - recebem salários rigorosamente iguais.



No setor privado, de modo geral, a coisa não é diferente. Se o trabalhador é admitido para a faixa do salário mínimo, não há diferenças, até porque seria ilegalidade passível de sanções junto à empresa.



Ademais, custa-me acreditar que um empresário, com responsabilidade pelo seu negócio, possa optar por pagar menores salários a um determinado empregado, em função de sua cor negra, se este empregado, comprovadamente, for mais eficiente e produtivo do que um outro, de cor branca, no exercício das mesmas atribuições e sob as mesmas condições. Isto contraria qualquer política de recursos humanos e depõe contra a própria imagem da empresa, com riscos para sua eficiência e eficácia, inclusive.



Isto vale para todas as áreas profissionais. O médico negro, branco ou de qualquer outra raça, não será objeto de preconceito em relação à preferência dos pacientes. O que prevalecerá, no caso, será a imagem de bom profissional que cada um construir no seio da sociedade a que prestam seus serviços.



Quanto aos fatos isolados, também não vejo o preconceito pela lado da cor, na maioria dos casos. Qualquer pessoa, mal vestida, maltrapilho, embriagada, seja branco ou negro, acarretará, sempre, infelizmente, para algumas pessoas, um certo repúdio e um certo medo, dependendo do contexto e da ocasião: medo de assalto, estupro, seqüestro, medo, enfim, da violência, que, tal como as pessoas, não se associa a cor nem a classe social.



Há, por certo, preconceitos, aqui, acolá. Mas entendo que são casos isolados. De gente ignorante. Acobertados pela mídia, quando exagera na dose, guiados, talvez, por crenças e valores coletivos equivocados, que passam com o tempo; como a moda ruim; que não cativa, e que não agrega valores, universalmente aceitos aos costumes daquela sociedade.



A grande e imensa maioria do povo brasileiro, ao contrário do que possa parecer, não tem preconceito em relação ao negro. Basta ver o interesse e a admiração que temos por nossos músicos, compositores, artistas, escritores, atletas e desportistas de toda ordem; sem falar nas mães de leite, como a minha segunda mãezinha “Teté” (Etelvina), que passou a morar com minha avó, ajudando a criar suas filhas, entre as quais a minha mãe biológica. Depois, Teté passou a fazer parte da nossa família: ajudou minha mãe a criar seus filhos; ajudou na criação de meus netos. E, na hierarquia natural da casa, ninguém ousava discutir uma ordem sua.



Foi assim que tudo começou. No Brasil, a escravidão data de 1584. Por razões de ordem econômica. Tanto que tentaram escravizar os índios. Que não se mostraram aptos ao trabalho árduo. Tudo sob a ótica das crenças e valores da época. Valores que se modificaram, como sempre, após a reação ditada pelo bom senso de parte da sociedade. No caso, os abolicionistas. Que deram sua cota de participação. Que tanto fizeram para conseguir arrancar o diploma justo e legal da Lei Áurea. Que, por sinal, foi editado sob pressão e de forma, ao meu ver, incompleto.



Porque limitou-se, num único parágrafo, a determinar a abolição da escravatura, a partir daquela data. Faltou, no meu modo de ver, definir o que fazer com os ex-escravos que deixariam suas senzalas e seus ex-donos. Faltou o apoio do Império em relação aos aspectos como educação, saúde, qualificação profissional, moradia e emprego, enfim, para atender as condições mínimas de qualquer cidadão, em relação aos ex-escravos. Faltou respeito e dignidade para com os novos cidadãos.



Talvez por isso, aquele diploma legal acabou, com o passar dos séculos, transformando-se em mais uma daquelas leis que não pegam. Pois a escravidão parece ter voltado com outra roupagem, nos dias de hoje, pela mesma via da exploração econômica. Sem preconceito de raça ou de religião, é certo, mas com as mesmas correntes do desemprego e da falta de liberdade.



04 de junho de 2004







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